A história de vida de um médico de família que acompanhou a evolução do SNS


O Serviço Nacional de Saúde (SNS) assinalou em 2019 os 40 anos de existência. Quem conheceu o sistema anterior fala numa mudança «radical». Com o SNS foi criada a carreira de clínica de Medicina Geral e Familiar e a ideia de atribuir um médico a cada utente. O médico Matias Coelho, agora reformado, viveu essa transição. Considera que o SNS trouxe uma «nova filosofia: prevenir a doença e promover a saúde».
Quando o SNS foi criado já Matias Coelho tinha terminado o curso de Medicina e exercia actividade na Guarda. Assistiu a uma «mudança radical». Matias Coelho integrou o grupo dos primeiros médicos de clínica geral e familiar, carreira criada com o SNS, a fixarem-se na Guarda. Os primeiros doentes foram os que transitaram dos serviços médico-gerais. «Eram sobretudo idosos e doentes», lembra Matias Coelho. Aquele serviço destinava-se apenas a determinados grupos profissionais, como os trabalhadores do sector dos lanifícios. Não havia medicina preventiva. Quem recorria aos serviços médicos estava realmente doente. O SNS veio alterar esse paradigma. A nova filosofia era «prevenir a doença e promoção da saúde» realça Matias Coelho. Foi aqui que nasceu a ideia de atribuir um médico a cada utente. Os doentes acompanhados nos serviços médico-sociais escolheram os médicos que já os tratavam. Matias Coelho aponta os nomes do dr. Limão, do dr. Brás Pereira e dr. Raul. Os médicos mais novos, como ele, «não tinham nome na praça». Só mais tarde é que começaram a ser escolhidos pelas famílias. Na altura, foi definido o rácio de um médico para 1700 utentes e «todos ficaram com médico». Notícia completa na edição em papel.