Agrupamentos de escolas de Almeida e Afonso de Albuquerque com autonomia para escolher como ensinar os alunos


O Agrupamento de Escolas de Almeida e o Agrupamento de Escolas Afonso de Albuquerque, da Guarda, vão integrar um projecto-piloto de flexibilização curricular proposto pelo Ministério da Educação, tendo maior autonomia sobre o que ensinar e como o fazer.
Os dois agrupamentos do distrito fazem parte da lista de 171 escolas públicas que vão ter autonomia curricular. Há ainda 61 escolas privadas e quatro estrangeiras. O projecto será aplicado ao primeiro ano de cada ciclo escolar, ou seja, ao 1º, 5º 7º e 10º ano. Cabe às escolas decidir o número de turmas de cada ano que participa no projecto. O Ministério da Educação afirmou no passado que pretende uma flexibilização curricular, dando autonomia em 25 por cento do currículo às escolas e permitindo um cruzamento de disciplinas e aprofundamento de trabalho experimental.
A lista de escolas a integrar o projecto-piloto foi divulgada na semana passada pelo Ministério da Educação.
As escolas abrangidas terão apenas uma obrigação: a integração na matriz curricular de duas novas áreas: cidadania e desenvolvimento e tecnologias de informação e comunicação (TIC). Se assim o entenderem, vão ter 25 por cento do tempo de aulas para tentar levar por diante novas formas de ensinar. O que, segundo o Governo, poderá passar pela alternância entre estudos tradicionais e semanas em que toda a escola e várias disciplinas se dedicam a trabalhar em conjunto um só tema, como «a Europa» ou a «crise dos refugiados», experiência que segundo o Público está a ser seguida na Finlândia. Em declarações ao jornal Público, o presidente da Confederação Nacional das Associações de Paus, Jorge Ascensão, mostrou-se «apreensivo» pelo facto de nem o ministério nem as escolas estarem a informar os encarregados de educação sobre quem será abrangido por estas mudanças. «Os pais têm o direito de saber o que vai acontecer no próximo ano lectivo e isso não está a acontecer», refere Jorge Ascenção.
A promessa de dar mais autonomia às escolas já tinha sido feita o ano passado pelo secretário de Estado da Educação, João Costa. «Um dos preditores de sucesso é a autonomia e um dos promotores da valorização dos professores é a sua capacidade de participarem na construção do currículo. Já temos isso nas escolas com contrato de autonomia, vale a pena generalizar, dar instrumentos aos professores para gerirem o currículo de forma flexível a partir de um conteúdo nuclear que tem de ser partilhado por todas as escolas para chegar a este referencial de saída que queremos construir», assinalou no ano passado numa conferência em Lisboa.
Com estas alterações que o executivo pretende intro-duzir, «as escolas poderão acrescentar, cortar, gerir tempo, gerir a matriz do currículo», reforçou. João Costa esclareceu na altura que este processo «não implica uma revisão dos documentos, mas olhar para os docu-mentos [que já existem] e fazer seleção entre o que é essencial e o que é flexível, sem mexer nas metas».