António Costa lança primeira pedra em Famalicão


A tragédia ocorrida em 2006 que vitimou um bombeiro da corpora-ção local e cinco sapadores chilenos marcou os discursos da cerimónia de lançamento da primeira pedra do novo quartel dos Bombeiros Voluntários de Famalicão da Serra, ocorrida esta Terça-feira no Centro Cultural da localidade.
Todos a recordaram, desde o presidente da Junta de Freguesia local ao primeiro-ministro, António Costa, que presidiu a este acto simbólico, acompanhado pela ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, e o seu secretário de Estado, Jorge Gomes, que aproveitaram a ocasião para falar do dinheiro que este Governo pretende investir nos próximos anos na área da protecção civil.
O embaixador do Chile em Portugal também marcou presença na cerimónia.
António Costa afirmou ser «um momento particularmente gratificante estar aqui hoje [Terça-feira] em Famalicão da Serra», relembrando que a última vez que esteve naquela aldeia do concelho da Guarda «foi numa noite trágica».
«Muitas vezes a política é feita com distância e muitas vezes é feita sem termos presente que aquilo que justifica a política, e o que justifica a nossa acção, é algo que tem a ver com a dignidade de pessoa humana. E é por isso que para mim é gratificante estar aqui hoje porque mais do que ter vindo aqui colocar a primeira pedra de um quartel de bombeiros, vim aqui render homenagem a uma comunidade que é um exemplo de vida», disse o primeiro ministro.
A obra, cuja primeira pedra foi esta Terça-feira lançada simbolicamente, representa um investimento aproximado de 775 mil euros, sendo financiado pelo Portugal 2020 no Programa Operacional de Sustenta-bilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR).
O novo quartel vai ocupar mais de 2600 metros quadrados de terreno, sendo que 754 metros quadrados serão para a construção do quartel e os restantes para arranjos exteriores, parada, tanque de abastecimento, gerador, circulação e estacionamento.
De acordo com a informação divulgada na página do POSEUR, a candidatura «visa dotar o seu corpo de bombeiros de uma infraestrutura adequada à operacionalidade uma vez que presentemente se aloja numa infraestrutura sem condições mínimas de operacionalidade dos seus meios físicos e humanos». Acrescenta-se que a candidatura «cumpre os critérios técnicos definidos de elegibilidade dos beneficiários» e que tem «uma implementação prevista de 15 meses».
Recorde-se que a Associação aguardava a aprovação da candidatura aos fundos comunitários para avançar com a obra. Como lembrou o presidente da Associação, António Fontes, no último aniversário da corporação, há quatro anos que a Associação anda «na luta pela construção do novo quartel».
O quartel vai ser construído em terrenos integrados na Reserva Ecológica Nacional (REN), tendo sido reconhecido como obra de «interesse social» pela Secretaria de Estado do Ambiente e do Ordenamento do Território. O parecer positivo foi justificado «pela falta de condições do actual quartel, sem instalações e condições de salubridade suficientes ao bem-estar dos utilizadores». Foi dado aval à obra por se ter constatado a «impossibilidade prática de encontrar, fora das áreas de REN, uma localização alternativa, técnica e financeiramente viável».
A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Famalicão da Serra foi criada em 3 de Julho de 2007, sucedendo à Secção Destacada dos Bombeiros de Gonçalo, que também ocupava as actuais instalações. O corpo de bombeiros, actualmente for-mado por 56 elementos, foi constituído após a tragédia que ocorreu no dia 9 de Julho de 2006, quando um violento incêndio florestal na área da freguesia vitimou cinco sapadores chilenos e um bombeiro da então Secção Destacada dos Bombeiros Voluntários de Gonçalo. Quase onze anos volvidos, os voluntários continuam a ocupar, provisoriamente, instalações cedidas pela paróquia, que não possuem as melhores condições de operacionalidade.