Carlos Chaves Monteiro: «Esta Cimeira, face à sua importância, colocará a Guarda no centro de decisão da Península Ibérica»*


A XXXI Cimeira Luso-Espanhola vai realizar-se no próximo dia 10 de outubro e o palco escolhido para este acontecimento importante da diplomacia entre os dois países é a nossa cidade da Guarda. É mais um momento alto, que deve ser de regozijo para todos os cidadãos, não só do nosso concelho como para todos os residentes no distrito e na região das Beiras e Serra da Estrela. Esta Cimeira, face à sua importância, colocará a Guarda no centro de decisão da Península Ibérica e é um tributo ao trabalho que o Municipio tem desenvolvido ao longo da sua história, no âmbito da cooperação ibérica.
A expectativa é elevada para todos os cidadãos desta raia luso-espanhola, quanto ao que vai ser anunciado, pois todo o território de fronteira necessita urgentemente de uma estratégia comum de desenvolvimento sustentável. E é precisamente isso que nós, políticos e agentes económicos e sociais, pretendemos – uma estratégia real que desenvolva esta zona de fronteira há muito esquecida. Acreditamos, por isso, que os dois Governos irão encontrar neste importante acontecimento, a oportunidade de passar das palavras aos atos, dos estudos às realizações no terreno e olhar, de uma vez por todas, para este território de fronteira como uma zona detentora de verdadeiro potencial, capaz de ajudar a alavancar a economia dos dois países. Queremos e precisamos de medidas radicais no terreno, que combatam de forma premente os atuais custos de contexto que tanto têm penalizado este território. Caso contrário, e se tal importância não for efetivamente reconhecida, este não passará de apenas mais um evento cheio de intenções vãs e cujos resultados serão efémeros e sem a tão necessária evidência ao nível do combate ao despovoamento galopante… E assim, o desespero começa a ser constante e a esperança desta raia esfumar-se-á.
É incompreensível que passadas 30 Cimeiras, com dezenas de grupos de trabalho criados ao longo dos anos e dezenas de medidas anunciadas, não se tenha conseguido inverter o definhamento em que toda a faixa fronteiriça está mergulhada. Em toda a União Europeia, a fronteira Portugal/Espanha é a única que não é fator de desenvolvimento. A fronteira Vilar Formoso/Fuentes de Oñoro é a mais antiga da Europa, mas nem isso tem sido motivo para deixar de ser menosprezada pelos sucessivos Governos, evidenciando-se também por ter os índices de envelhecimento mais elevados da União Europeia e isso deve ser motivo de reflecção para os dois Governos.
A estratégia Comum de Desenvolvimento Transfronteiriço, que vai ser assinada e divulgada na Guarda, tem de trazer esperança num futuro melhor para todos e tem de possuir medidas de revitalização socioeconómica dos territórios de fronteira e de combate ao despovoamento.
O Governo prevê que a estratégia que vai ser apresentada para a fronteira venha a beneficiar 62% do país, onde estão incluídas 1551 freguesias e um total de 1.672.046 habitantes. Pois que assim seja e que seja rápido, para bem deste território.
Tudo o que for feito em prol do desenvolvimento de toda a faixa fronteiriça, estará a contribuir para salvar um território de elevado potencial e a contribuir para a tão proclamada coesão territorial.
Que a XXXI Cimeira Luso-Espanhola realizada na Guarda fique para sempre na história e gravada na memória por bons motivos, essencialmente, pela inversão do estado da arte atual.
Carlos Chaves Monteiro, presidente da Câmara Municipal da Guarda
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