Mais de 900 pedidos de “lay-off” no distrito da Guarda


Mais de 900 empresas do distrito da Guarda submeteram pedidos de “lay-off” desde o início da pandemia causada pela Covid-19, disse à agência Lusa o presidente do NERGA – Núcleo Empresarial da Região da Guarda. Segundo Pedro Tavares, os dados obtidos até à data de Quarta-feira dizem respeito a pedidos de empresas «que deram entrada na Segurança Social para “lay-off”» (dispensa temporária de trabalhadores, que figura entre as 30 medidas que o Governo adoptou para conter os efeitos da pandemia da Covid-19 nas empresas).
Neste momento, o NERGA não consegue «distinguir nem o perfil das empresas nem o número de trabalhadores que é afectado» pela situação, disse. O responsável explicou, no entanto, que, regra geral, o que costuma acontecer é que quando o pedido é feito junto da Segurança Social, as empresas, «automaticamente, colocam os funcionários em “lay-off”». «Não quer dizer que, depois, a Segurança Social vá aceitar a totalidade dos pedidos» que foram feitos por «grandes e pequenas empresas» da região.
De acordo com o presidente do NERGA, os empresários seus associados «deram conta que os efeitos da pandemia vão ser muito mais alongados do que se estava a prever». «E, portanto, o que estão a fazer é a precaver-se desde já, na redução de despesas, para aguentarem as empresas estabilizadas no tempo que for possível», justifica.
Devido à pandemia causada pela Covid-19 a diminuição da facturação das empresas «é enorme», acrescentou, apontando que muitas empresas (como restaurantes e lojas) foram obrigadas a fechar por Decreto e também «há empresas que pararam por falta de matéria-prima».
As firmas da região da Guarda «estão com muitas dificuldades em se manterem a trabalhar normalmente», daí que recorram ao “lay-off”, disse. O presidente do NERGA vaticina que algumas empresas já não vão reabrir as portas porque as ajudas disponibilizadas são “muito à base de empréstimos e moratórias» e «continuam a ter praticamente as mesmas despesas» com rendas e impostos.
Quando a situação no país voltar à normalidade, resta saber “como é que as empresas vão pagar as despesas correntes desses meses [sem actividade] mais as moratórias a que estão a recorrer agora”, aponta.
O responsável está apreensivo, por exemplo, com as lojas de pronto a vestir, pois “pode passar o período de venda da colecção de verão” e “vão ter que saldar tudo, não tendo qualquer tipo de lucro”.
O número de trabalhadores abrangidos pela medida de “lay-off” simplificado, lançada pelo Governo para responder à pandemia de Covid-19, abrange actualmente já mais de 930 mil trabalhadores, segundo dados divulgados pela ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho. Segundo a governante, por dimensão, 96% das empresas que solicitaram o regime do “lay-off” simplificado têm até 50 trabalhadores e 79% das empresas têm até 10 trabalhadores.
Portugal regista 599 mortos associados à Covid-19 em 18.091 casos confirmados de infecção, segundo o boletim diário da Direcção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia. Relativamente ao dia anterior, há mais 32 mortos (+5,6%) e mais 643 casos de infecção (+3,7%). Portugal está em estado de emergência desde 19 de Março, que deverá ser renovado esta semana por um novo período de 15 dias.