Recriações históricas e eventos medievais são receita dos municípios para atrair visitantes


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As recriações históricas e as feiras medievais estão a multiplicar-se pelo distrito da Guarda. As aldeias históricas são lugares de excelência para estas iniciativas, mas já não é só nessas localidades que são realizadas. É que os eventos atraem cen-tenas de visitantes apesar de alguns repe-tirem o figurino. Este Domingo,Trancoso assinala o próximo feriado municipal com uma recriação histórica da Batalha de Trancoso. O calendário para os próximos meses inclui a Feira Medieval de Pinhel, as Bodas de D. Dinis em Trancoso e a Batalha da Salgadela, em Figueira de Castelo Rodrigo.
O próximo feriado municipal de Tran-coso, assinalado a 29 de Maio, será comemorado com a recriação histórica da Batalha de Trancoso. O programa das comemorações, que tem início na Sexta-feira, recorda o confronto de 1385, que culminou com a vitória do exército liderado por Gonçalo Vasques Coutinho, alcaide de Trancoso, sobre o poderoso exército castelhano. É um dos episódios mais gloriosos e marcantes da História de Portugal, não só pela vitória alcançada, mas também pelo significado militar, político e simbólico que a mesma adquiriu no contexto da afirmação da Independência do Reino. O acontecimento é recriado em várias fases, desde os “Prenúncios da Batalha de Trancoso”, ao início da tarde do dia 28, ao combate no Campo Militar de São Marcos, na tarde de Segunda-feira. A iniciativa inclui ainda a recriação de outros pormenores sobre a Batalha, nomeadamente sobre a aliança e a estratégia definida no conflito.
Pinhel promove no início de Junho mais uma edição da Feira Medieval. A cidade Falcão propõe aos visitantes que recuem no tempo de 2 a 4 de Junho. Nesses dias, a proposta é reviver a história da localidade sob o lema “Guarda-Mor do Reino e Senhorios de Portugal”. A iniciativa inclui manjares, cortejos, torneios, teatros, música, dança e animação de rua. O município desafia os visitantes a viajar no tempo e a fazer parte da histórica. O programa da Feira inclui actividades com referências históricas e que fazem parte da história de Pinhel e da região como Torneio a Cavalo da noite do dia 2. O episódio invoca a “A Batalha de Ervas Tenras” que se deu em 1194, depois de ter sido assinado um acordo de paz com D. Afonso IX de Leão, no qual D. Sancho I pede uma bula ao Papa, mas o acordo que não é respeitado. E por isso se dá o combate com os castelhanos. No Sábado recria-se a entrega da jurisdição de Pinhel aos Coutinhos, passando a ser cobradas e instaladas taxas até então inexistentes, o que causa desagrado ao povo. À noite dá-se o “Assalto à Torre” . Com o Marechal fora de Pinhel, seu filho D. Henrique descobre que o povo está a organizar-se para assaltar a Torre que guarda o armamento militar, antecipando-se e frustrando o ataque popular. A Feira Medieval de Pinhel é um acontecimento consolidado, atraindo sempre milhares de pessoas. Um dos pontos altos é a realização da Ceia Medieval, na qual os participantes são convidados a trajar-se à época. A refeição, o ambiente e a música também são inspirados no passado.
Ainda no mês de Junho, pelos dias 24 e 25, Trancoso volta a organizar a Festa da História com a recriação das Bodas reais de D. Dinis com D. Isabel de Aragão. O evento é organizado anualmente para evocar aquele acontecimento que terá tido lugar naquela localidade em 1282. A ocasião tem vindo a ser recordada nos últimos anos com a realização da “Festa da História”, que se tornou um dos principais eventos culturais e históricos de Trancoso. Por dois dias, as ruas daquela localidade histórica enchem-se de figuras do passado construindo cenários que transportam os visitantes numa viagem no tempo. Serão recriados diversos episódios da história como o assalto das tropas castelhanas a Trancoso, o recrutamento de homens para a defesa do burgo e os festejos da vitória dos trancosanos com balias e folguedos. O ponto alto do programa será a recons-tituição das bodas reais e a realização do cortejo real, que percorre a zona histórica da vila.
No mês seguinte terá lugar em Castelo Rodrigo a recriação da Batalha da Salgadela, o marco histórico mais relevante daquele concelho. O acontecimento remonta ao ano de 1664 e será recriado nos dias 7, 8 e 9 de Julho. Foi uma das cinco maiores batalhas da Restauração. O episódio evindenciou a coragem do povo de Castelo Rodrigo contra o exército espanhol. As tropas castelhanas, co-mandadas pelo Duque de Ossuna, eram constituídas por cerca de 3000 homens e entraram pela fronteira da Beira colocando cerco à praça de Castelo Rodrigo, onde os portugueses teriam uma guarnição com pouco mais de 150 homens. Pedro Jaques de Magalhães, o general portu-guês encarregado da defesa daquele território, organizou um plano de ataque que envolveu forças da praça e tropas colocadas no exterior, arregimentadas na zona de Almeirim. O recontro acon-teceu no sítio da Salgadela, razão porque a batalha também é referida pelo nome da localidade, e causou pesadas baixas entre as forças castelhanas que foram obrigadas a atravessar a fronteira de volta ao seu país.
As feiras de Marialva
e Castelo Mendo
A iniciativa do género mais recente foi o mercado medieval de Marialva, no concelho da Meda, que teve lugar no passado fim-de-semana. Num figurino muito semelhante ao que se regista na Feira Medieval de Castelo Mendo, a iniciativa atraiu centenas de pessoas dando uma vida nova a localidade onde habitam menos de 200 pessoas. Em Castelo Mendo, a Feira costuma ser realizada no fim-de-semana a seguir à Páscoa.
Apesar dos figurinos deste tipo de iniciativas serem bastante semelhantes, os eventos ligados à história e de recriação medieval continuam a despertar o interesse dos visitantes sendo só por isso considerada uma aposta válida para os municípios organi-zadores.