A Europa e a Cultura
Há poucos dias, no número de Maio de 2022 do Praça Alta, um semanário de Almeida, saiu uma entrevista com José Amaral Lopes, agora um quase já desconhecido primeiro responsável da Candidatura da Guarda a Capital Europeia da Cultura. Queixa-se agora das inultrapassáveis falhas da hierarquia que o obrigaram a pedir a demissão do seu cargo. Mas, de falhas dos sucessivos vereadores da Cultura estamos todos cheios.
Esperamos agora que se zanguem as comadres para que descubramos as verdades ocultas, algo que uma simples leitura do Bid Book não nos revela pois nele não se fala da cultura local. Sentimos por isso todos a frustração do olvido da cultura popular e da produção cultural local dos que escrevem para as revistas e jornais regionais, publicando até livros que valorizam o nosso território. Teremos de esperar por um relatório com o detalhe necessário para sabermos o que fez quem esteve ligado ao projeto e a relação custo/beneficio do dinheiro despendido pelos 17 municípios envolvidos.
De facto, muito ficou por inventariar quanto a Cultura da Nossa Terra, embora fosse relativamente simples fazê-lo: Há bibliotecas onde se guardam livros, jornais e revistas e há pessoas guardadoras e/ou produtoras de Cultura, que estão vivas e guardam dela abundantes memórias. Tudo era possível desde que se trabalhasse.
Entretanto, vamos ouvindo e lendo sobre o sofrimento causado em muitas universidades por uns doutores às suas alunas por assédio sexual. E isto não era assim até há pouco. Havia já então umas alunas que iam conseguindo aprovações quase improváveis. Lembro-me que na minha escola de economia, uns colegas mais velhos me falaram me falarem de uma colega que ia passando sem nada saber. E isso verifiquei-o por, num exame em que ela estava demasiado perto de mim, me estar sempre a importunar para lhe dar respostas às perguntas do teste, tendo depois verificado que ela tinha obtido boa nota. Confirmando a continuidade desta realidade, uns anos mais tarde, confrontei um colega com uma nota abstrusa de uma aluna numa cadeira em que era responsável, e ele pôs-se a impar, a suspirar, enfim a sofrer…demasiado.
Não admira que muitos azares tenham acontecido aos nossos bancos, onde maus gestores assentaram abarracamentos, trazidos para lá pelo Menino de Ouro do PS, tal como o descreveu Eduarda Maio. São os bancos que agora vamos salvando, e sempre de acordo com as leis de uma Europa em crise de identidade, uma vez que não sabe bem como funciona uma democracia, a base em que fundamenta os seus sucessivos alargamentos e o seu consequente funcionamento.
Desaproveita-se agora a passagem de mais um aniversário da Vitória do Exército Soviético sobre os Nazis para questionar o que ganhámos com o sofrimento de tantas vidas e tantos traumas. Desvalorizou-se tudo o que era memória do nazismo e querem que do salazarismo seja esquecido quase tudo. Houve até juízes, explicitando a sua fraca formação jurídica, que libertaram Mário Machado das suas obrigações legais para ir combater os Russos, algo que os ucranianos de bom senso recambiaram para Portugal por tal não lhes dar vantagem nenhuma.
Com a Guerra Ucrano-Russa perdeu a Europa que por não se empenhar na Construção da Paz, só aplica sanções em que ela perde sempre, ganhando os EUA como já muitos de nós percebemos. Mas, António Costa só quer a Vitória da Ucrânia, esquecendo-se de que há pessoas que nesta guerra sofrem privações e desumanidades.
Inventaram-se por isso muitas razões enviesadas e demasiadas notícias falsas, trazidas de bem longe do teatro das operações militares, confirmando-se o que Ésquilo, um dramaturgo ateniense, disse há cerca de dois mil e quinhentos anos:
“Na guerra, a verdade é a primeira vítima.”