Autarca de Almeida discorda da solução escolhida para revitalização da zona comercial de Vilar Formoso, mas vai aprovar o projecto

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A maioria dos habitantes de Vilar Formoso que participou na votação do projecto de revitalização da zona comercial de Vilar Formoso escolheu manter o trânsito nos dois sentidos na Rua do Comércio. A opção não era a defendida pelo presidente da Câmara de Almeida, mas o autarca garante que vai aprovar o projecto. António Batista Ribeiro enten-de que a solução que previa trânsito em sentido único descen-dente era a que melhor servia os interesses daquela localidade, nomea-damente os dos comerciantes.
Elisabete Gonçalves
elisagoncalves.terrasdabeira@gmpress.pt
s habitantes e comerciantes de Vilar Formoso, no concelho de Almeida, decidiram manter a Rua do Comércio com o trânsito nos dois sentidos. A Câmara Municipal de Almeida colocou em consulta pública a revitalização da zona comercial daquela vila apresentando três alternativas, com as opções do trânsito a ser feito em sentido ascendente ou em sentido descendente, mas a solução mais votada foi a de manter a circulação nos dois sentidos. A votação decorreu durante um mês na Junta de Freguesia de Vilar Formoso, onde estavam disponíveis mapas explicativos das intervenções propostas. Participaram mais de 500 pessoas. A votação esteve aberta a maiores de 18 anos com habitação ou comércio em Vilar Formoso.
O presidente da Câmara Municipal de Almeida, António Batista Ribeiro, disse ao TB que vai aprovar o projecto, mas ressalva que irá fazer uma declaração de voto por entender que a soulção escolhida não é a que serve os interesses da população, nomeadamente dos comerciantes. O autarca defendia a opção que previa o trânsito em sentido único descendente, do Largo da Estação para a Avenida das Tílias, a segunda solução mais votada. «Seria a melhor opção porque é sabido que os passeios na Rua do Comércio sofrem um estrangulamento o que condiciona a mobilidade dos peões», argumenta o autarca, acrescentando que «os principais interessados seriam os comerciantes», mas foram eles que mais se «mobilizaram» para que fosse votada aquela opção. Batista Ribeiro considera ainda que o trânsito em sentido único seria uma «opção de futuro» e «assim será mais do mesmo». «Vamos limitar-nos a maquilhar aquele espaço», sublinha. O autarca entende que a Rua do Comércio poderia ficar «com outra dignidade e outra utilidade», garantindo «maior e melhor mobilidade», lembrando que até seria possível «enterrar algumas infraestruturas». Considera ser «uma intervenção extremamente necessária, mas podia ficar melhor. Assim fica um projecto coxo», remata.
A solução defendida pelo autarca previa a construção de passeios com uma largura livre não inferior a 1,5 metro, com a colocação de mobiliário urbano, valorizando a componente pedonal da intervenção bem com a criação de zonas verdes e construção de uma nova rotunda junto às bombas de combustível da Repsol, tal como explicou o arquitecto Luis Martins na Assembleia Municipal onde foi apresentado o estudo prévio.
Para além da Rua do Comércio, o projecto prevê intervenções por forma a melhorar o tráfego automóvel e estacionamento nas zonas envolventes. O assunto deverá voltar a ser discutido na próxima Assembleia Municipal.
Investimento sem comparticipação comunitária
O autarca estima que a intervenção deva exigir um investimento de cerca de um milhão de euros. A autarquia vai avançar com a intervenção sem qualquer financiamento comunitário uma vez que as medidas previstas para a regeneração urbana não se aplicam ao caso de Vilar Formoso. O autarca ainda tem expectativa de que tal como no passado possa haver alguma medida do Portugal 2020 destinada à revitalização das zonas comerciais. «Se assim for temos um trabalho feito», refere o presidente da Câmara de Almeida.
O presidente da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela, Paulo Fernandes, já tinha assinalado o facto dos programas de regeneração urbana preverem apenas intervenções nas sedes de concelho. Na semana passada, em conferência de imprensa, Paulo Fernandes chegou mesmo a referir-se ao caso de Almeida, pelo facto de não ser possível ao município candidatar intervenções a realizar em Vilar Formoso.