Caloiros descontentes com colocação na Guarda ficam satisfeitos após visita à cidade e ao Politécnico

Alguns dos caloiros recebidos na semana passada no Instituto Politécnico da Guarda (IPG), que se deslocaram à instituição para formalizar a sua matrícula depois de terem sido colocados na primeira fase do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior, admitiram que não era sua vontade vir estudar para a Guarda. Alguns caloiros chegaram com a ideia de formalizar a matrícula no IPG, para garantir o lugar, mas com a intenção de repetir a candidatura na segunda fase, cujo prazo de candidaturas decorre até esta Sexta-feira e tentar entrar numa instituição de outra cidade. Mas depois de contactarem com a instituição e com os futuros colegas e conhecerem um pouco da cidade acabaram por mudar de ideias em algumas horas.
São testemunhos relatados por quem toda a semana esteve no edifício dos serviços centrais onde decorreram as matrículas e que recebeu os novos alunos para lhes dar as boas-vindas, dar algumas informações e esclarecer algumas dúvidas. Anfitreões como Jorge Fernandes, Andreia Lopes e Álvaro Xavier, alunos da Escola Superior de Saúde e elementos da Comissão de Praxe, que querem dar o máximo de conforto aos alunos e familiares que acabam de chegar a «uma cidade desconhecida». Contam que tentam «acalmar também os pais» que vêm receosos depois das notícias sobre as praxes. Já noutros casos são os próprios pais a incentivar a praxe aos filhos.
Estes alunos de Enfermagem e de Farmácia defendem que é sobretudo nesta altura de ingresso no Politécnico e de chegada à Guarda que a praxe assume maior importância. «Ninguém quer vir para a Guarda, mas ao final de uma semana de cá estarem querem ficar», sustentam. Andreia e Álvaro, que vieram estudar para a Guarda, contam como foram importantes as actividades da praxe para criar amizades e facilitar a integração. Andreia, Jorge e Álvaro sublinham que a praxe no Politécnico da Guarda nunca foi caracterizada por excessos. Mas os três alunos reconhecem que devido às questões que têm sido levantadas sobre o tema é cada vez «mais dificil» encontrar sítios para praxar os caloiros, mesmo tendo um cariz mais sério. «As pessoas não querem ficar associadas à praxe», lamentam. No caso da Escola Superior de Enfermagem, a Comissão de Praxe está a ponderar a realização de algumas actividades de praxe solidária, como a recolha de alimentos para instituições, recolha de tampinhas e as possibilidade de convívio com idosos.

Presidente do IPG
alerta para excessos
O tema da praxe é também abordado pelo presidente do Politécnico da Guarda, Constantino Rei, numa mensagem de boas-vindas aos novos alunos entregue no kit que os caloiros receberam ao dirigir-se aos serviços para se matricularem. No texto, o dirigente alerta que a instituição respeita as tradições académicas, mas não se revê, nem tolera «as manifestações de abuso, humilhação e subserviência a que por vezes se assiste nas praxes académicas» pois as mesmas «afectam a credibilidade do ensino superior e conflituam com a missão e o propósito daqueles que o frequentam». Constantino Rei sublinha que estas tradições «constituem uma actividade de adesão voluntária e em nenhum caso serão aceites ou toleradas actividades ou actos que possam atentar contra a dignidade pessoal dos visados».
No kit distribuído aos alunos, entre documentos e informações, estava também um panfleto publicado recentemente pela Direcção Gera do Ensino Superior lembrando que «A praxe não é obrigatória. É possível escolher». Apresenta uma série de conselhos e contactos através dos quais se podem recorrer para fazer denúncias.

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