Câmara da Guarda prevê investir três milhões de euros em dois projectos ambientais
A Câmara da Guarda prevê investir três milhões de euros em dois projectos ambientais, um de despoluição de dois rios e outro de criação de passadiços no rio Mondego. O anúncio foi feito pelo presidente da autarquia, Álvaro Amaro, no passado Domingo, na cerimónia comemorativa do Dia da Cidade, que foi presidida pelo ministro do Ambiente, Matos Fernandes.
Na sessão foram apresentados o Plano Estratégico de Requalificação dos rios Diz e Noéme e o estudo prévio do projecto dos “Passadiços do Mondego”. Segundo o autarca, os projectos ambientais que estão na fase inicial de elaboração, são «dois projectos reformistas para a Guarda». «O primeiro é algo de que se fala muito na nossa cidade: a despoluição do rio Noéme e do rio Diz», disse, explicando que a autarquia encomendou o plano estratégico a Pedro Teiga para que os dois cursos de água sejam «rios com vida» e devolvidos à população.
O outro projecto, dos “Passadiços do Mondego”, contemplará a criação de 11 quilómetros de passadiços e de pontes suspensas no vale do rio Mondego, no território do concelho da Guarda e o estudo prévio foi apresentado por Fernando Domingues. A ideia da autarquia é fazer «um dos melhores e maiores projectos estruturantes para a economia ligada ao turismo e à Natureza da cidade da Guarda e do vale do Mondego», afirmou.
Um Caldeirão de projectos adiados
A Barragem do Caldeirão é das zonas do concelho que mais ideias e projectos tem inspirado. Desde que foi construída a Barragem que se fala na possibilidade de tirar partido daquele espelho de água. Mas nenhum dos projectos foi concretizado. Uma das últimas ideias passava pela construção de um hotel rural nos estaleiros da EDP. O projecto foi anunciado em Janeiro de 2010 e foi considerado de Interesse Municipal. A ideia era aproveitar os oito hectares na margem direita da Barragem, fora da área do Parque Natural da Serra da Estrela. Na altura, o presidente da Câmara, Joaquim Valente, disse que a EDP já tinha apresentado um estudo prévio, que previa pequenos apartamentos devidamente integrados na encosta e o hotel rural. Seria a empresa a construir. O projecto era considerado uma «alavanca para o aproveitamento da barragem do Caldeirão». Uma pretensão que já na altura tinha vários anos e que chegou a dar mote a um plano de desenvolvimento local do vale do Mondego que visava a dinamização de actividades culturais, sociais, económicas e turísticas num grupo de freguesias do Vale do Mondego. A ideia foi promessa eleitoral na campanha de Maria do Carmo Borges para as autárquicas de 1997.
O plano de desenvol-vimento abrangia as freguesias de Maçainhas, Corujeira, Fernão Joanes, Videmonte, Trinta, Meios, Vila Soeiro, Faia, Pêro Soares, Aldeia Viçosa e Misarela. O documento preconizava linhas estratégicas para a intervenção nessas localidades «aproveitando as potencialidades que cada uma tem ao nível do património paisagístico e arquitectónico, gastronomia e produtos agrícolas».
Em Julho de 2007, o executivo presidido por Joaquim Valente, mostrou a intenção de o implementar até ao final desse ano, com algumas alterações, considerando-o um projecto fundamental. A então vereadora do Turismo, Lurdes Saavedra, afirmou na altura que o documento foi adaptado à realidade actual e que seria candidatado ao próximo quadro comunitário [Quadro de Referência Estratégica Nacional – QREN]. Uma das principais alterações do projecto de requalificação da Barragem do Caldeirão para fins turísticos, desportivos e de lazer, com enfâse para os desportos radicais e turismo da natureza.
Lurdes Saavedra, que também era presidente da ProRaia – Associação de Desenvolvimento Integrado da Raia Centro Norte, anunciou depois que a associação conseguiu integrar o projecto para o aproveitamento turístico da barragem numa candidatura ao QREN, mas deixou cair a possibilidade de transferir para ali o parque de campismo da Guarda. A ideia visava agora criar uma praia fluvial, uma piscina flutuante (amovível e com protecção), um parque de merendas, um parque verde com espécies autóctones, um percurso pedestre à volta da barragem e um cais para embarcações não motori-zadas, de acordo com o previsto no contrato de comodato com a Redes Energéticas Nacionais (REN), uma vez que as águas são aproveitadas para consumo e produção de energia.
O aproveitamento da envolvente da Barragem do Caldeirão para a localização de um empreendimento turístico voltou a ser incluído na lista de projectos complementares do PROVERE – Serra da Estrela, Programa de Valorização Económica de Recursos Endógenos em territórios de baixa densidade, criado no âmbito do QREN.