Câmara da Guarda promete requalificação do Chafariz da Dorna até ao final do ano
Os 20 mil euros previstos no orça-mento participativo da Câmara Municipal da Guarda vão ser apli-cados na requalificação do Chafariz da Dorna por escolha dos munícipes. Classi-ficado como imóvel de interesse público, o Chafariz tem estado votado ao abandono. A sua requalificação já foi considerada «priori-tária» pela autarquia, já fez parte de um projecto privado e já esteve incluída no Programa Estratégico da extinta Comuni-dade Intermunicipal das Beiras.
A maioria dos munícipes que participaram na votação do orçamento participativo da Câmara da Guarda entendem que os 20 mil euros disponíveis devem ser gastos na requalificação do Chafariz da Dorna. A escolha foi feita entre três projectos, restando ainda a requalificação da capela do Solar dos Póvoas e a criação de um espaço jovem no Parque Municipal. O presidente da Câmara, Álvaro Amaro, disse que a obra será incluída na requalificação daquela zona da cidade para onde está prevista a construção de uma rotunda entre as avenidas Afonso Costa e Francisco Sá Carneiro. O autarca não divulgou pormenores da requalificação do Chafariz, dizendo apenas que terá de estar concluída até ao final do ano.
O Chafariz da Dorna, classificado como imóvel de interesse público, está escondido nas traseiras de uma estação de serviço. Quem não conhecer a cidade e passar pela Avenida Sá Carneiro não se apercebe da presença daquela construção em granito, encimado por um brasão real joanino de feição neo-gótica. É preciso descer à cota inferior da estrada pelo que resto da calçada romana ou seguir as placas das rotas pedestres para dar conta do local. Nos últimos anos, o local tornou-se mais visível aos guardenses, pelo menos para aqueles que residem nas habitações recentemente construídas naquela zona e que utilizam o espaço como passagem.
Nos últimos anos falou-se algumas vezes na possibilidade do espaço ser requalificado, mas as ideias não passaram de meras intenções. A intervenção chegou a ser considerada «prioritária» pela autarquia,fez parte de um projecto privado e chegou a ser incluída no Plano de Desenvolvimento Estra-tégico da Comunidade Urbana das Beiras. Nada avançou.
- Privados quiseram intervir
O Chafariz está classificado como monumento de interesse público desde 1978. O local onde se encontra foi originalmente uma entrada para a cidade. Por ali se fazia a entrada dos camponeses para o mercado. Tanto como vereadora como presidente da Câmara, Maria do Carmo Borges afirmou várias vezes que era uma «prioridade» para a autarquia, até porque a Câmara «estava virada para os valores arquitectónicos e de certeza absoluta seria uma das partes contempladas». Mas a estratégia mudou e em 2007 é colocada a hipótese do imóvel ser requalificado por privados integrado num projecto de loteamento. O projecto elaborado por dois arquitectos, um historiador e um restaurador ainda deu entrada na Câmara, mas viria a ser recusado. Como noticiou na altura o TB, o projecto oferecido pelos promotores previa a reposição de água com um sistema de bombagem, uma intervenção no edifício dos lavadouros públicos e o arranjo do largo. Quelhas Gaspar, autor do projecto e técnico de património, manifestou-se na altura «frustrado» com o desfecho. Para os promotores foi ainda mais difícil compreender a posição da autarquia tendo em conta que o então IPPAR não colocou qualquer entrave. O IPPAR fez apenas alguns reparos ao nível paisagístico relacionados com as árvores que havia a plantar e com o estacionamento que era proposto. «A Câmara Municipal não terá seguramente uma oportunidade como esta para fazer a intervenção que o monumento precisa», afirmou na altura, lembrando que os entraves foram colocados pelos serviços técnicos da autarquia. A empresa que se propunha realizar a obra – a Marques & Saraiva – Construção Civil propunha que a autarquia suportasse metade dos custos estimados em 175 mil euros.
Mais tarde, a requalificação do Chafariz viria a ser mencionada no Plano Estratégico e de Desenvolvimento da Comunidade Urbana das Beiras. Era um dos projectos listados para o concelho da Guarda. Recorde-se que posteriormente a Comunidade Urbana das Beiras viria a ser fundida com a Comunidade da Serra da Estrela sendo elaborado um novo plano estratégico do qual já não faz parte aquele projecto, apesar de estarem incluídos projectos a nível do património.
Elisabete Gonçalves
elisagoncalves@gmpress.pt