Cancro da mama explicado a mulheres cegas e amblíopes na Guarda

Garantir o direito das pessoas com deficiência ou incapacidade visual ao acesso a informação é a finalidade do projecto de Educação para Saúde sobre Cancro da Mama para Mulheres Cegas e Amblíopes que a Liga Portuguesa Contra o Cancro tem vindo a dinamizar desde 2014 em todas as capitais de distrito. Na região Centro apenas falta a Guarda, que recebe amanhã uma sessão pública.

A Guarda é a última capital de distrito da região Centro a receber uma sessão pública sobre o cancro da mama dirigida a pessoas com deficiência ou incapacidade visual. A iniciativa é promovida pela Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) no âmbito do projecto de Educação para Saúde sobre Cancro da Mama para Mulheres Cegas e Amblíopes, feito em parceria com a Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO) e a Coligação Europeia Contra o Cancro da Mama – Europa Donna, que tem vindo a dinamizar desde 2014 em todo o território nacional.

A sessão está marcada para as 14h00 na Delegação da Guarda da LPCC, a funcionar junto à sede do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde, no Parque da Saúde, inaugurada há pouco mais de um mês, e é orientada por Natália Amaral, médica especialista na área da ginecologia oncológica.
«No fundo esta acção de educação acaba por ser muito semelhante a outras acções que nós desenvolvemos, mas tem algumas particularidades, nomeadamente com o tipo de materiais que utilizamos», adianta Rosário Mendes, responsável pela Unidade de Educação Para a Saúde do Núcleo Regional do Centro da LPCC.
Ou seja, para além dos conhecimentos que a oradora irá transmitir, e que são iguais aos transmitidos noutras sessões de esclarecimento, até porque esta sessão é aberta ao público em geral, são apresentados instrumentos específicos para pessoas cegas e com baixa visão. Concretamente brochuras em braille e com letra ampliada e uma aplicação informática para “smartphones” e “tablets”, que apresentação informação sobre cancro da mama de forma simples e acessível, focando aspectos relativos à epidemiologia, prevenção, tratamento e apoio à mulher com este tipo de cancro.
«O nosso objectivo com esta acção é passar informação sobre o que é o cancro da mama e como é que ele pode ser prevenido, nomeadamente chamando a atenção de toda a população para as questões do rastreio», resume Rosário Mendes, destacando ser «a falta de informação de que é importante participar no rastreio» a responsável pela «pouca adesão» das mulheres cegas e amblíopes. «Esta informação não estava a chegar às mulheres, então a Liga teve que trabalhar esses conteúdos. Ou seja, preparar informação sobre o que é o cancro da mama e como se pode prevenir para aumentar a adesão destas mulheres [ao rastreio]», diz.
Aliás, foi a constatação da inexistência em Portugal de programas de informação e sensibilização para a prevenção e diagnóstico do cancro da mama para pessoas cegas e com baixa visão que levou a Liga a dinamizar este projecto, tendo obtido o financiamento da Fundação EDP – EDP Solidária 2014.
«Mas este projecto não fica só pelas acções para as mulheres cegas e amblíopes», realça Rosário Mendes. «Fizemos formação, em colaboração com a ACAPO, a todas as técnicas de rastreio do cancro da mama para melhorar o atendimento, porque há algumas particularidades no atendimento à pessoa cega que têm que ser tidas em consideração nestes exames, e acções para os profissionais de saúde dos cuidados de saúde primários, que são as pessoas que referenciam as mulheres para o rastreio, para sensibilizá-los de que estas mulheres também devem participar no programa de rastreio de cancro da mama», concretiza.
Por outro lado, o projecto sofrerá alterações a curto prazo. «Começámos com a educação para a saúde sobre cancro da mama, nós ainda nem sequer estendemos a outras localizações tumorais, mas pretendemos fazê-lo, iniciar já este ano com o cancro colo-rectal, a trabalhar outros conteúdos, mas também outras populações. E nomeadamente em relação à população surda estamos neste momento a avançar com contactos para trabalhar algumas informações e conteúdos também em língua gestual, que é uma falha que neste momento ainda temos», adianta Rosário Mendes.
«A expansão deste nosso projecto em 2016 vai estender-se por um lado para outras localizações tumorais mas também para outras populações que estão neste momento desfavorecidas da nossa parte, ou seja, a Liga não estava a ter a atenção que devia para toda a população», conclui a responsável pela Unidade de Educação Para a Saúde do Núcleo Regional do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro.

 

Gabriela Marujo
gabmarujo.terrasdabeira@gmpress.pt

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