Candidatos à Misericórdia de Trancoso exigem afastamento do provedor Júlio Sarmento
A Santa Casa da Misericórdia de Trancoso teve eleições marcadas para meados de Dezembro de 2015 para eleger os novos órgãos sociais, mas o sufrágio foi adiado sem que haja nova data marcada. Às eleições apresentaram-se duas listas, uma liderada pelo actual provedor, Júlio Sarmento, e a outra encabeçada pelo ex-vereador socialista da Câmara Municipal, Carlos Martins, cuja candidatura viria a ser rejeitada por questões alegadamente previstas nos estatutos. Mas a lista de Carlos Martins contestou a decisão e foi decidido adiar o acto eleitoral. Agora, o TB sabe que estarão a decorrer conversações para que surja uma lista de consenso entre as duas candidaturas. O entendimento estará a ser promovido pelo sacerdote Joaquim António, mas estará a ser dificultado pelo facto da lista de Carlos Martins exigir que o actual provedor não faça parte dos novos órgãos sociais. A candidatura de Carlos Martins entende que o ex-autarca é o principal responsável pela actual situação financeira da instituição.
Recorde-se que a Misericórdia de Trancoso tem em curso um processo de especial de revitalização tendo sete anos para pagar uma dívida de 4,5 milhões de euros. O Processo Especial de Revitalização, aprovado no ínicio de 2014, tinha um período de carência de dois anos. O processo, aprovado pelo Tribunal de Trancoso, suspendeu o pedido de insolvência apresentado pela empresa Manuel Rodrigues Gouveia. A Misericórdia tinha em dívida na altura 4,5 milhões de euros a fornecedores e a trabalhadores.
Em 2012, o TB deu conta que a Misericórdia de Trancoso tinha vários processos em tribunal por dívidas a credores, num valor total superior a 141 mil euros. Os processos tinham sido apresentados sob a forma de injunções. A injunção mais elevada tem um valor de 104.888 mil euros reclamado pela empresa Teprel – Equipamentos Médicos, com sede em Matosinhos. Recorde-se que no início de 2009, a Santa Casa da Misericórdia de Trancoso já tinha tido necessidade de tomar algumas medidas excepcionais para tentar «equilibrar as contas», perante as dificuldades financeiras que a instituição enfrentava na altura. O provedor Júlio Sarmento, que na altura também era presidente da Câmara Municipal, elaborou um plano com «medidas excepcionais» que passavam pelo congelamento de vencimentos, aumento das mensalidades em alguns serviços, cessação de algumas avenças e deslocalização de funcionários para a autarquia. Na altura, o provedor evidenciava um anormal volume de créditos por cobrar no posto de combustível propriedade da Misericórdia e uma assinalável diminuição de receita tanto naquela valência como na Farmácia. Júlio Sarmento justificava também as dificuldades da instituição com o facto de estarem algumas obras em curso e de ter havido uma diminuição das comparticipações por parte da Segurança Social.