“Casa Espigado”, uma loja tradicional com cem anos de existência
A “Casa Espigado”, situada na Rua da Torre, na Guarda, comemora no próximo Sábado 100 anos de existência. Uma efeméride que ficará marcada por uma missa, seguido de almoço.
Surgiu na cidade em 1916 pela mão de Joaquim Rodrigues Espigado. Ali se trabalhava a arte da funilaria, onde, numa pequena oficina, eram manufacturados utensílios para a lavoura. Regadores, copos para noras, caldeiros para o gado, ferradas, francelas e cinchos, potes para o azeite, funis, candeias e lanternas. Os artigos eram depois vendidos em feiras e mercados da região. Assim nasceu uma das mais emblemáticas lojas de tradição da Guarda.
Júlio Espigado, filho do fundador, começou a sondar a arte do pai quando tinha sete anos, tendo, passado alguns começado a colaborar na indústria. Após a morte do pai, Júlio Espigado deu continuidade à indústria. «As primeiras urnas de voto da Câmara Municipal foram feitas aqui», contou Júlio Espigado ao TB, em Julho de 2000. Em Julho de 2002, afirmou ao TB que temia que a sua arte não viesse a ter continuidade, embora depositasse a esperança no seu empregado. Cinco anos depois viria a falecer. A loja chegou a estar encerrada após a sua morte, tendo mais tarde reaberto.
Como escreveu em Julho de 2000, Maria João Silva, na altura jornalista do TB, «a “Casa Espigado” é um lugar onde o passado perdura no presente, um lugar que transmite à rua uma identificação impossível de se apagar, um lugar onde o cliente nunca é o transeunte anónimo. Porque a tradição ainda é o que era e porque deixa pegadas firmes na memória dos tempos». Ali ainda permanecem os velhos balcões, armários restaurados, prateleiras de madeira, «o traço que identifica uma época».
Aquele estabelecimento comercial foi galardoado pela Câmara Municipal da Guarda com a atribuição de medalha de mérito municipal e, em Junho de 1994, foi distinguida com a Insígnia de Loja de Tradição.