Coordenadora da Unidade de Missão considera necessário procurar «soluções para firmar o interior de uma forma positiva e optimista»
O primeiro-ministro escolheu a professora catedrática, Helena Freitas, eleita deputada por Coimbra, para coordenar a Unidade Missão para Valorização do Interior. Este novo organismo terá como coordenador adjunto João Paulo Catarino, até agora presidente da Câmara Municipal de Proença-a-Nova.
A deputada socialista já defendeu ser possível contra-riar a tendência de concen-tração das pessoas no litoral do país, sendo necessário «gizar estratégias que promovam o desenvolvimento económico» em várias áreas. Helena Freitas sustenta que muitas cidades do interior oferecem uma boa qualidade de vida e um custo associado inferior em relação às cidades do litoral. A coordenadora da Missão entende que a sustentabilidade da coesão do território é um «imperativo político e ético» e adiantou que se tem assistido a uma «litoralização progre-ssiva do país», sendo evidente, «a tendência para o despovo-amento, envelhe-cimento e empobrecimento daquilo que é entendido como o interior».
A professora catedrática, que já foi vice-reitora da Universidade de Coimbra, sublinhou que para se pensar a sustentabilidade de qualquer contexto territorial, «exige-se o reconhecimento do planeamento em antecipação à decisão política e impõe inteligência e eficiência na utilização e partilha de recursos». Definiu a Unidade de Missão como «uma plataforma agregadora de estratégias criativas, projectos inovadores e um pólo catalisador de vontades que possa fazer a diferença nos territórios do interior». Helena Freitas realçou que existe unanimidade e que «se está perante uma situação de emergência nacional na procura de soluções para firmar o interior de uma forma positiva e optimista».
A deputada socialista Helena Freitas, de 53 anos, deverá tomar posse esta semana, assim que seja concretizada a suspensão do seu mandato na Assembleia da República.
Na cerimónia que assina-lou 100 dias de governo, que decorreu em Idanha-a-Nova, o primeiro-ministro, António Costa, disse ser «necessário redefinir a função da economia do interior para ganhar a batalha da frente peninsular e realçou a importância da Unidade de Missão para o Interior neste combate». «Aquilo que temos hoje de fazer é redefinir a função económica do interior e o país precisa muito que isso aconteça. Se não vencermos essa batalha, não sustentamos sequer os graus de coesão» conquistados até agora, afirmou. Para o governante, a criação da Unidade de Missão para a Valorização do Interior «é da maior importância» para ganhar aquilo a que designou de «frente peninsular» e para o esforço de descentralização que considera necessário fazer nos próximos anos. «Para isso é necessário alinhar as estratégias e que a Unidade de Missão seja capaz de por todo o Governo a trabalhar para este objectivo», disse.
António Costa considerou que a valorização do território «é uma componente essencial» sendo a zona raiana «funda-mental para a afirmação da economia portuguesa no mercado ibérico» e, conse-quentemente, no mercado europeu, advertindo que «só seremos mais coesos se formos capazes de ser mais compe-titivos».
O novo organismo vai funcionar no núcleo central do governo, na dependência do primeiro-ministro. A Unidade de Missão para a Valorização do Interior, criada em Conselho de Ministros em Janeiro, dando cumprimento a um compromisso assumido no Programa do Governo, tem como objetivo criar, imple-mentar e supervisionar um programa para a coesão territorial.