Doentes obesos com indicação cirúrgica vão continuar a ser operados em Coimbra
O Ministério da Saúde vai avançar com um programa para reduzir as listas de espera nas cirurgias da obesidade. Os doentes da Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda com indicação para este tratamento vão continuar a ser encaminhados para Coimbra. A ULS da Guarda já fez este tipo de cirurgias, mas deixou de ter condi-ções para ser reconhe-cida como centro de tratamento cirúrgico de obesidade.
Os doentes obesos da Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda com indicação para tratamento cirúrgico são encaminhados para o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. A ULS da Guarda já fez este tipo de intervenção, mas deixou de «ter condições» e cessou a actividade cirurgica, como explicou ao TB o director clínico, Gil Barreiros. A ULS deixou assim de estar certificada para poder realizar estas intervenções cirúrgicas. O médico explica que para este tipo de operações é necessário uma equipa «mais vocacionada» e é necessário haver alguma assiduidade na sua realização, estando definido um número mínímo para que a unidade de saúde seja certificada. Dada a insuficiência de cirurgiões no hospital da Guarda tornou-se inviável manter a actividade.
No ano passado, a Direcção Geral de Saúde actualizou os requisitos para centros de tratamento e a ULS da Guarda perdeu a idoneidade. De acordo com dados facultados ao TB pela ULS, em Setembro de 2013 havia dez utentes inscritos na Unidade Funcional de Tratamento Cirúrgico da Obesidade. Em Maio do ano passado havia 24 utentes para primeira consulta e havia outros cinco na lista de doentes já observados em primeira consulta.
Gil Barreiros conta que foi decidido esvaziar a lista de espera e referenciar os doentes para Coimbra. O médico sublinha que, na altura, as cirurgias «foram bem feitas e obtiveram-se bons resultados». A ULS da Guarda esteve incluída no programa de tratamento cirúrgico da obesidade iniciado em 2010. O hospital da Guarda era umas das 19 unidades de saúde do país incluídas no programa que tinha como objectivo colocar bandas gástricas aos doentes obesos.
Doentes vão continuar a ir para Coimbra
O Ministério da Saúde quer avançar novamente com um programa para reduzir as listas de espera nas cirurgias da obesidade e disponibilizar 12 milhões de euros para operar dois mil doentes em 2017. Mas a administração da ULS da Guarda não tenciona retomar esta actividade. Gil Barreiros sustenta que se trata de uma «cirurgia selectiva» e que a ULS da Guarda continua sem poder ter condições para cumprir os requisitos necessários. O director clínico defende que é preferível «fazer bem aquilo que temos de fazer» em vez de se entrar «em aventuras».
De acordo com dados nacionais divulgados recentemente, até Junho havia 1.493 doentes à espera, sendo que há muitas pessoas que esperam dois anos pela cirurgia. O Ministério quer incentivar as unidades de saúde a resolver estes casos e prevê incluir cerca de dois mil utentes (o que significaria um crescimento superior a 30 por cento de intervenções face a 2016). Serão abrangidas por este programa de financiamento as instituições reconhecidas pela Direção-Geral da Saúde, como centro de tratamento ou de elevada diferenciação para o tratamento cirúrgico da obesidade grave. De acordo com os últimos dados disponíveis no Portal do Serviço Nacional de Saúde, dos 20 hospitais que apresentam listas de espera, oito têm tempos de espera superiores aos máximos recomendados de 270 dias para doentes de prioridade normal. Sobressai o hospital de Évora com 709 dias de espera (quase dois anos), o Centro Hospitalar de Gaia/Espinho com 566 dias e o Hospital de Santo António, no Porto (360).
A ULS da Guarda perdeu a idoneidade para ser considerada centro de tratamento cirúrgico da obesidade
Elisabete Gonçalves
elisagoncalves.terrasdabeira@gmpress.pt