Eduardo Lourenço considera Luís Sepúlveda «um autor de craveira mundial»

O escritor chileno Luís Sepúlveda confessou ter recebido com «uma emoção muito especial» o Prémio Eduardo Lourenço 2016, que lhe foi entregue Sexta-feira numa sessão realizada na Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço, da Guarda.
O prémio, no valor de 7.500 euros, foi instituído em 2004 pelo Centro de Estudos Ibéricos (CEI), com sede naquela cidade, e destina-se a galardoar personalidades ou instituições com intervenção relevante no âmbito da cooperação e da cultura ibérica.
Na sessão solene, o homenageado disse que, ao receber o galardão, sente «uma emoção muito especial», por ter o nome de Eduardo Lourenço.
«Este prémio tem para mim um significado muito especial e muito emotivo. É um prémio de uma emoção muito especial e só me resta dizer muito obrigado», declarou.
Em declarações aos jornalistas, disse ainda que estava «muito contente» por considerar «uma grande honra receber um prémio com o nome de Eduardo Lourenço, um dos pensadores e dos intelectuais» que admira.
Luís Sepúlveda, que vive atualmente em Gijon, Espanha, é autor de livros como, entre outros, “O Velho Que lia Romances de Amor” e “História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar”.
O jornalista Fernando Paulouro Neves, que propôs o nome de Luís Sepúlveda ao Prémio Eduardo Lourenço, disse na sessão que a obra do escritor se ajusta «como poucas» ao patrono do galardão.
No entender de Eduardo Lourenço, «o escritor escolhido é um grande escritor de reputação mundial. Portanto, é de facto muito grato, que a comissão [o júri do prémio] o tenha escolhido a ele, entre outras pessoas [contempladas em anos anteriores], para receber este prémio», disse aos jornalistas, no final da cerimónia da entrega do prémio.
O ensaísta disse ainda que Luís Sepúlveda é «um autor de craveira mundial». «O que é que eu posso dizer mais?», rematou.
«Comoveu-me muito esta ideia de que, num certo ano, quando eu fui para Hamburgo, que lhe ofereceram o meu livrinho que tinha acabado de sair há pouco tempo. Esta história para mim é totalmente inédita e quase incompreensível, parece uma história da “Carochinha”, mas é uma história muito bonita», afirmou.
Eduardo Lourenço referia-se ao episódio contado por Luís Sepúlveda que, quando esteve no exílio, em Hamburgo, um amigo lhe ofereceu o livro “Heterodoxia”, da sua autoria, publicado em 1949, que tinha sido escrito «por um professor de Português», que passara por aquela universidade.
Durante a cerimónia de entrega do galardão, o presidente da Câmara local, Álvaro Amaro, disse que o galardoado é «um cidadão do mundo» e anunciou que, em 2017, além deste prémio, o Centro de Estudos Ibéricos irá atribuir um outro denominado Prémio CEI Investigação, Inovação e Território, que terá como objectivo «distinguir a investigação inteligente, a inovação e o empreendedorismo».
O prémio, com um total de 5.000 euros, premiará duas modalidades – uma de investigação e outra de inovação e território, cada uma com a verba de 2.500 euros.