Fogos em Portugal com mais de 10 mil hectares começaram na década de 1980


Os incêndios florestais em Portugal com área ardida superior a 10 mil hectares numa só ocor-rência começaram na década de 1980, com a redução do pastoreio e o abandono de antigas áreas agrícolas a serem algumas das causas.
O estudo “Grandes Incêndios Florestais em Portugal”, da Universidade do Minho e da Universidade de Coimbra, refere que os fogos com área igual ou superior a 100 hectares começaram a vulgarizar-se a partir da década de 1980. Até aqui os incêndios em Portugal nunca tinham atingido os 10 mil hectares de área ardida numa só ocorrência.
O primeiro destes fogos aconteceu em 1986, no concelho de Vila de Rei. No ano seguinte, outro fogo de grandes dimensões afectou os concelhos de Arganil, Oliveira do Hospital e Pampilhosa da Serra. «A partir destas datas podemos dizer que se deu início a uma nova realidade no que respeita aos grandes incêndios», referem os autores do estudo, datado de 2013.
Segundo os autores do trabalho, as «mudanças no uso tradicional da terra e estilo de vida das populações implicaram o aumento de grandes áreas abandonadas de anteriores terras agrícolas», o que levou à recuperação da vegetação e ao aumento da acumulação de combustível na floresta. «Muitas dessas áreas rurais tornaram-se paisagens propensas à ocorrência de incêndios de grande in-tensidade, devido aos elevados níveis de biomassa, acumulados ao longo dos anos e prontos para alimentar fogos catastróficos durante o Verão», refere o artigo “Grandes Incêndios Florestais em Portugal”.
Portugal registou no passado fim-de-semana o maior número de vítimas mortais em incêndios florestais na história do país de que há registo. O fogo, que causou 64 mortos e pelo menos 135 feridos, deflagrou ao início da tarde de Sábado numa área florestal em Escalos Fundeiros, em Pedrógão Grande (distrito de Leiria), e alastrou aos municípios vizinhos de Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, obrigando a evacuar povoa-ções ou deixando-as isoladas