Freguesia de Seia admite processar PAN por causa do jogo da “morte do galo”


A União de Freguesias de Carragosela e Várzea de Meruge, em Seia, admite processar o PAN – Pessoas-Animais-Natureza pela denúncia relacionada com a alegada “morte do galo” nas festas locais.
Em carta enviada na Quarta-feira ao deputado e porta-voz do PAN, André Silva, o presidente da União de Freguesas, João Barreiras, refere que a autarquia «exige a retratação pública e o desmentido» da situação «num prazo limite de 48 horas», através dos meios utilizados para efetuar a denúncia. «Caso isso não venha a acontecer, iremos processar o senhor André Silva e o PAN por difamação», refere o autarca na missiva a que a hoje a agência Lusa teve acesso.
O partido anunciou, na Terça-feira, que pretende impedir a prática da “morte do galo”, anunciada para as festas do Santíssimo Sacramento, em Várzea de Meruge, no concelho de Seia, de 08 a 11 de Setembro. Em comunicado, o PAN refere que a prática, em que o galo «é agredido sucessivamente com um pau até morrer», foi denunciada junto do Ministério Público, da Direcção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) e da Câmara Municipal de Seia, no distrito da Guarda.
A autarquia de Seia esclareceu em comunicado que «a prática denunciada pelo PAN trata-se, na realidade, de uma tradição que consiste em partir um ovo com um pau, de olhos vendados, sendo o galo (vivo) o prémio para quem conseguir tal proeza».
A autarquia comprova a tradição da aldeia de Várzea de Meruje com um vídeo onde se vê um jogador, de olhos vendados, a tentar acertar com um pau num ovo que está colocado no solo. «A denominada ‘morte do galo’ é uma tradição das Festas do Santíssimo Sacramento que ocorre na localidade de Várzea de Meruje, concelho de Seia, e que apenas no nome remete para a morte de um animal», sustenta na nota.
O PAN – Pessoas-Animais-Natureza disse hoje à Lusa que mantém a denúncia sobre a “morte do galo” em Seia, apesar de o município esclarecer que consiste em partir um ovo com um pau. «A denúncia mantém-se e as entidades competentes farão aquilo que entenderem e os órgãos de polícia civil farão a sua fiscalização», disse André Silva, deputado e porta-voz do PAN.
Na carta enviada ao PAN, o presidente da União de Freguesias de Carragosela e Várzea de Meruge esclarece que, como entidade responsável pela promoção do evento, a Junta teria de emitir o respectivo alvará e «nunca permitiria tal prática atentatória contra o direito dos animais e contra a Lei». Explica que o jogo em causa «nada mais é do que algo inofensivo e onde os intervenientes, na sua quase generalidade crianças, de olhos vendados e com um pau na mão, tentam partir um ovo, sendo que aquele que o conseguir obtém como prémio um galo vivo». O autarca João Barreiras garante ainda que o jogo, como é descrito pelo PAN, «nunca foi praticado na Freguesia” e “especificamente na localidade de Várzea de Meruge».