Governo revoga portaria polémica que retirava maternidades aos hospitais da região

O Ministério da Saúde decidiu revogar a polémica portaria, criada em 2014 pela equipa de Paulo Macedo, que retirava valências aos hospitais da região, nomeadamente as maternidades. A classifi-cação dos hospitais vai continuar a ser feita por grupos, mas a atribuição das especialidades a cada um deles será feita após a aprovação das redes de referenciação, processo que ainda se encontra em curso.

O Governo decidiu revogar a polémica portaria de 10 de Abril de 2014 que definia os critérios para categorizar os hospitais de acordo com o quadro de valências exercidas e o seu posicionamento da rede hospitalar. O diploma, que definia quatro grupos, retirava maternidades aos três hospitais da região classificados no grupo I, onde estavam incluídas as unidades de saúde com uma oferta de serviços mais reduzida. Com a aplicação daquela portaria, o hospital da Guarda deixaria também de ter o serviço de Dermatologia e Urologia. Numa nova portaria publicada a semana passada em Diário da República, o Ministério da Saúde mantém a classificação dos hospitais por grupos, mas determina que as especialidades atribuídas a cada um será feita por despacho «após concluído o processo de aprovação de todas as redes de referenciação hospitalares». Neste momento há nove redes aprovadas, três em fase de submissão a consulta pública, 12 em fase de revisão ou criação e 15 em fase de designação dos peritos.
No diploma argumenta-se que tanto a portaria de Abril de 2014 como a portaria do mês seguinte sobre os critérios de criação e revisão das redes de referenciação «apresentam fragilidades na sua elaboração conceptual e consequentemente na sua aplicabilidade que se traduziram em constrangimentos objectivos ao nível do planeamento e da prestação de cuidados de saúde no SNS». Os referidos normativos, acrescenta o texto, «não reflectiram na prática uma resposta mais eficaz, adequada e diferenciada do SNS aos seus utentes e um melhor aproveitamento e gestão dos recursos existentes, pelo contrário, assistiu-se a dificuldades objectivas por parte das instituições do Ministério da Saúde e dos estabelecimentos hospitalares do SNS na aplicação do regime preconizado nas mesmas». A actual equipa do Ministério da Saúde defende que importa «definir um processo claro e transparente de classificação dos serviços e instituições do SNS tendo por base as Redes de Referenciação Hospitalar, num modelo actualizado de reorganização hospitalar mais eficiente e mais sustentável, assente na capacidade instalada ao nível das especialidades».

Críticas da Ordem dos Médicos
A portaria agora revogada dividia os hospitais em quatro grupos. As unidades incluídas no Grupo I, do qual faziam parte os três hospitais da região, tinham a oferta de serviços mais reduzida.
O grupo II tinha mais algumas valências e no grupo III estavam incluídos os cinco maiores hospitais que têm todas as especialidades médicas e cirúrgicas. No grupo IV estavam os hospitais especializados nas áreas da Oncologia, Medicina Física e Reabilitação e Psiquiatria e Saúde Mental.
Recorde-se que a Ordem dos Médicos criticou na altura a reorganização, considerando que a portaria punha em causa o curso de Medicina da Universidade da Beira Interior por falta de especialidades para formação uma vez que os três hospitais que prestam apoio iam perder valências.

Medicina Nuclear e Saúde Materna e Infantil em consulta pública
O diploma publicado a semana passada em Diário da República esclarece que as Redes de Referenciação de Medicina Nuclear e Saúde Materna e Infantil estão em fase de submissão a consulta pública. Recorde-se que a reorganização da rede de serviços na área da saúde materna e infantil é uma das que tem gerado maior expectativa nos últimos anos por estar em causa a continuidade das maternidades. O número de partos em cada uma das unidades de saúde da região está aquém das metas definidas pela Organização Mundial de Saúde e isso tem levado alguns especialistas a defender que na região os nascimentos deviam estar concentrados. A reorganização destes serviços levou nos últimos anos ao encerramento de maternidades em diversos pontos do país, mas a Beira Interior foi sempre poupada.
Nos últimos meses surgiu também a discussão sobre a localização do serviço de Radioterapia que o Ministério da Saúde quer implementar para servir Viseu, Castelo Branco e Guarda.
As assembleias municipais de Viseu e da Guarda já aprovaram moções reivindicando o serviço e a autarquia do Fundão também já solicitou ao Governo reuniões com o objetivo de voltar a reivindicar a instalação da Unidade de Medicina Nuclear no hospital daquela cidade, que também poderá englobar um serviço de radioterapia. O Fundão há vários anos que reivindica a instalação da Unidade de Medicina Nuclear.
As alterações preconizadas no Serviço Nacional de Saúde têm em vista a reforma do Serviço Nacional de Saúde iniciada pelo anterior governo. Em Fevereiro, o ministro da Saúde nomeou João Álvaro Correia da Cunha para a coordenação da Comissão para a Reforma na área dos Cuidados de Saúde Hospitalares.

Elisabete Gonçalves
elisagoncalves.terrasdabeira@gmpress.pt

O website do Terras da Beira utiliza cookies para melhorar e personalizar a sua experiência de navegação. Ao continuar a navegar está a consentir a utilização de cookies Mais informação

The cookie settings on this website are set to "allow cookies" to give you the best browsing experience possible. If you continue to use this website without changing your cookie settings or you click "Accept" below then you are consenting to this.

Close