Greve dos enfermeiros na ULS da Guarda obrigou ao cancelamento de intervenções em Cirurgia de Ambulatório

A paralisação de três dias dos enfermeiros da Unidade Local de Saúde da Guarda teve uma adesão de 48 por cento num universo de 286 enfermeiros. As contas são do Sindicato de Enfermeiros Portugueses, que tem estado a convocar os enfermeiros para greves em várias unidades de saúde do país. O dia de Sexta-feira, e último da paralisação foi aquele que registou maior adesão dos profissionais, à iniciativa na ULS da Guarda, atingindo os 51,7 por cento. No primeiro dia, Quarta-feira (17), a adesão foi de 45 por cento e na Quinta-feira (18) foi de 46,3 por cento. Recorde-se que a paralisação visava apenas o período entre as 8 horas as 12 horas de cada dia.
A paralisação contou com a participação de 138 enfermeiros dos 286 escalados. Na ULS da Guarda trabalham 602 enfermeiros, em funções no hospital da Guarda, no hospital de Seia e nos 13 centros de saúde. O Sindicato revelou que a paralisação atingiu os 100 por cento em alguns serviços e obrigou ao cancelamento de 24 cirurgias na Unidade de Cirurgia de Ambulatório.
O dirigente sindical, Honorato Robalo admitiu que alguns profissionais a questionar o porquê da paralisação em defesa das 35 horas semanais, depois de o Governo ter revertido a regra das 40 horas para as 35 horas, mas contrapôs que a «esmagadora maioria» dos enfermeiros que prestam serviço na ULS da Guarda «fazem mais de 35 horas», seja por terem contrato individual de trabalho seja pela «escassez» de recursos humanos, outra das reivindicações da paralisação. O sindicalista revelou que quase um terço do total de enfermeiros, 197, tem contrato individual de trabalho. «Há enfermeiros que têm uma carga horária acrescida acumulada de 50 a mais 100 horas semanais, sem qualquer compensação financeira extra, devido à grave carência de enfermeiros na instituição», argumenta, adiantando que há quem faça «turnos contínuos» e trabalhe 16 horas diárias, para suprir necessidades de serviços. A estes acrescem outros 138 enfermeiros, «precários», com contrato de substituição ou contratados através de uma empresa de trabalho temporário, a quem não se aplica, igualmente, a regra das 35 horas.
O dirigente do SEP criticou ainda o que disse ser a «falaciosa argumentação» do Governo, «que diz que aposta nos cuidados de saúde primários, mas não implementa o enfermeiro de família», medida «essencial», nomeadamente para os idosos que residem longe dos centros de saúde. «Em Seia, o anterior governo socialista [de José Sócrates] encerrou 12 extensões de saúde e quem deles [cuidados de saúde] precisa tem de ir à sede de concelho. Não basta apregoar planos estratégicos de recursos humanos, é preciso apostar nos cuidados de enfermagem de proximidade», defendeu Honorato Robalo. A paralisação incluiu ainda uma concentração frente à sede da ULS da Guarda na manhã de Quinta-feira, uma iniciativa pouco participada.
De recordar que a paralisação dos enfermeiros da ULS da Guarda insere-se no Plano Nacional de Luta daquela estrutura sindical iniciado em Julho com uma greve nacional e que se prolonga nos meses de Agosto e Setembro com paralisações em diversas unidades de saúde do país. Os enfermeiros reivindicam a reintrodução do horário de 35 horas semanais, a admissão de mais profissionais, o pagamento de todo o trabalho extraordinário e a reposição do valor integral das horas de qualidade/extraordinárias. O Sindicato defende que «basta de discriminação de enfermeiros por parte do Ministério da Saúde relativamente a outros profissionais» e lembra que «as administrações «podem acordar alteração das cláusulas dos contratos». A estrutura sindical sustenta que as 35 horas semanais «têm de ser efectivas no horário e na prática». «Basta de trabalhar à borla!», exigem os enfermeiros.

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