Guarda recebe concurso inédito na área da interpretação contemporânea

A Guarda recebe em Março aquele que é o primeiro Concurso Naci-onal de Interpretação Contem-porânea. A iniciativa é destinada a alunos que se encontrem a frequentar o 3º Ciclo e Secundário das escolas de ensino especializado de música ou escolas pro-fissionais de todo o país, e está integrada no Síntese. A organização é do Grupo de Música Contemporânea da Guarda.
Gabriela Marujo
gabmarujo.terrasdabeira@gmpress.pt
a primeira vez que se realiza em Portugal e vai acontecer no Teatro Municipal da Guarda a 5 de Março. O Concurso Nacional de Interpretação Contemporânea é «o primeiro do género, aberto a todos os instrumentos, e onde se destaca a presença de várias estéticas musicais, de vanguarda e de ruptura com a tradição», e tem organização a cargo do Síntese – Grupo de Música Contemporânea da Guarda. A iniciativa, que tem ainda por objectivo ser «um estímulo à utilização de reportório contemporâneo em todos os instrumentos, nas escolas de ensino artístico de todo o país», está integrada no Síntese – XI Ciclo de Música Contemporânea da Guarda, a ter lugar entre os dias 2 e 25 de Março na sala de espectáculos da cidade.
«Estamos agora precisamente com a preparação do concurso em mãos, com a divulgação, e esperamos ter uma boa adesão», deseja a presidente do grupo organizador, Helena Neves, admitindo que «pesam sempre vários factores para o sucesso» deste concurso.
«Um deles é o facto de ser a primeira vez que é realizado e também de ser na Guarda, ou pelo menos não ser num sítio central, como Lisboa, Porto ou Coimbra, e isso implica que as pessoas se desloquem a um sítio menos convencional, digamos». Ou seja, fora das cidades que albergam esse tipo de iniciativas.
Para além de ser a primeira vez que é realizado, é dirigido a todas as escolas profissionais e de ensino especializado de música, «logo, são cento e tal escolas em todo o país que poderão fornecer candidatos, agora, nem todas certamente terão alunos que têm condições para participar».
Esta falta de condições, explica Helena Neves, deve-se ao facto de ainda haver, «em todo o país, uma velha escola, uma tradição muito marcada pela música do século 19 nos nossos programas, no ensino artístico, e portanto do século 20 é difícil haver [intérpretes]». «É precisamente por aí que a gente quer fazer a diferença. Queremos estimular para este tipo de reportório, estimulando os professores a dar este tipo de reportório aos seus alunos do ensino artístico, o que faz também com que eles próprios criem gosto pela interpretação da música», adianta a dirigente.
«E desta forma também, à nossa maneira, valorizar esse trabalho que é feito, fazendo este concurso e trazendo novos intérpretes que certamente se vão revelar grandes intérpretes no futuro», destaca.
O concurso é uma das actividades que constam da programação do Síntese – XI Ciclo de Música Contemporânea da Guarda, para o qual receberem um apoio pontual da Direcção-Geral das Artes no valor de 20 mil euros. «O que muito nos honra mas que também nos coloca obviamente uma grande responsabilidade em cima porque, tratando-se de um serviço público, devemos tentar dar mais uma vez o nosso melhor e ir de encontro aos públicos, todos os públicos», considera Helena Neves.
«Quando se fala em música contemporânea, algumas pessoas já não a olham como um bicho de sete cabeças, mas penso que nesse aspecto o Síntese tem contribuído ao longo dos anos para desmistificar um pouco essa ideia», afirma.
O grupo está neste momento a tratar da divulgação do Concurso Nacional de Interpretação Contemporânea, a grande novidade do XI Ciclo de Música Contemporâ-nea da Guarda, mas «muita coisa já está a ser preparada há vários meses». «Nós vamos ter várias estreias realizadas pelo grupo Síntese, e estas estreias são contratualizadas com os compo-sitores bastante tempo antes para lhes dar a possibilidades de eles inscreverem a nova música, com tempo, e depois nos puderem fornecer as partituras e podermos fazer o nosso trabalho de interpre-tação e de preparação do espectáculo», esclarece Helena Neves.