Guardense indignada por a filha ter sido obrigada a dar à luz no Hospital da Covilhã
O encerramento do bloco de partos da maternidade da Guarda tem encerrado à Sexta-feira, obrigando as grávidas em trabalho de parto a recorrer a instituições vizinhas. A situação causou grande indignação a uma familiar de uma parturiente que no passado dia 28 foi obrigada a dar à luz no Hospital da Covilhã.
Esta semana não se deverão verificar constrangimentos no funcionamento do bloco de partos da maternidade do Hospital da Guarda. Pelo menos, o site do Serviço Nacional de Saúde indicava no início da semana o normal funcionamento daquela valência. O mesmo não aconteceu nas últimas sextas-feiras. O bloco de partos da maternidade esteve encerrado, o que obrigou as grávidas em trabalho de parto a recorrer a instituições vizinhas.
A situação causou grande indignação a uma familiar de uma parturiente que na última Sexta-feira de Outubro foi obrigada a dar à luz no Hospital da Covilhã. E a situação causou ainda mais revolta pelo facto de, na Covilhã, a grávida ter sido assistida precisamente pelo mesmo número e tipo de profissionais com que foi recebida no hospital da Guarda e onde foi informada que o parto não poderia ser ali realizado.
O episódio foi relatado pela avó do bebé Lourenço nas redes sociais. Rosa Caramelo lamentou que tivesse sido negada «a alegria» aos pais de verem nascer o filho na Guarda «terra que acolheu o pai, a mãe, tio, e tantos outros parentes e amigos». Após os primeiros sinais de que o bebé Lourenço estava para chegar, grávida e familiares dirigiram-se às Urgência Obstétrica da Guarda onde logo foram surpreendidos com a informação prestada pelo porteiro que o serviço estava encerrado e se deveriam dirigir à Urgência Geral. Com a informação os níveis de ansiedade dispararam. «Mãe de primeira viagem. Correria…. Em cadeira de rodas. A grávida nervosa, lágrimas de dor, frustração, ansiedade… E até parecia que o Lourenço dentro do ventre da mãe reclamava pelos direitos dele… de nascer na Guarda», relata a avó. Rosa Caramelo conta que foram acolhidos por «uma equipa espectacular». «Duas parteiras de mão cheia a quem eu confiava o nascimento do meu neto, a auxiliar, tudo pronto e profissionais competentes para realizar o parto….», descreve. Mas o parto não poderia ser realizado ali. A grávida tinha de ser transferida para a Covilhã. A justificação é que não podia ser porque o bloco de partos da maternidade da Guarda estava encerrado. A médica obstetra estava ali «mas não estava». «Olho para a médica e digo: Estou a sonhar… a doutora está aqui à minha frente e estou a tocar-lhe. Ela com aquele ar incrédulo responde: Estou mas não estou….», relata a avó Rosa.
Conta que, na Coviilhã, o parto foi feito por um especialista parteiro e que o médico «só esteve na entrada». «Tudo isto, tinha na Guarda!» atira com indignação. Rosa Caramelo interroga-se:«De que vale investir milhões numa nova maternidade, para depois ficar às moscas? Temos fibra e muito mais par nos juntarmos e irmos contra a vontade política.»
A avó relata que a turbulência daquele dia que era para ser de «muita alegria» transformou-se «em tristeza e revolta». «Veio ao mundo mais um guardense que por questões políticas, nasceu num berço que não é o dele», lamenta.
Como mãe, avó e guardense, Rosa Caramelo lançou o repto no facebook para que haja união para impedir que «outros tantos bebés saiam da terra deles», apenas por questões políticas. Ao presidente da Câmara da Guarda, Sérgio Costa, pede para que seja líder desse movimento, na certeza de que «muitas e muitas assinaturas» o irão acompanhar. «Vamos à luta, não deitemos a nossa bandeira ao chão quando temos tantas pedras duras para a segurar. Pela Guarda, pelos nossos bebés vamos à luta para que amanhã sejam eles a lutar pelas as vicissitudes da vida», escreveu Rosa Caramelo no facebook.