Irrealismos

No domingo dia 20 de Março fui surpreendido pela notícia de que um antigo autarca de Tabuaço, João Ribeiro que foi presidente da Câmara Municipal entre 2009 e 2013, eleito pelo PS, tinha sido condenado a 5 anos de prisão por variados crimes, ou seja habilidades mal pensadas, entre as quais a venda de um terreno, onde o hotel em causa foi construído, que custou 224 mil euros à autarquia de Tabuaço, que depois o vendeu à Beleza do Monte por 14 mil euros, ou seja, abaixo do seu valor patrimonial.

Contudo, há diversos autarcas que fazem habilidades quase deste género e nada lhes acontece. Um perdeu uma eleição e já não concretizou uma habilidade semelhante. Teve sorte outro autarca por a oposição ser desatenta, ficando beneficiado um “empresário matarruano” que levou a dele avante.

Tudo me leva a crer que em Tabuaço o autarca condenado sofre de sensação de irrealidade que pode estar associada a depressão e a ansiedade, como também ao transtorno de despersonificação/desrealização. É o que me diz um site que encontrei com a ajuda do Dr. Google em 23 de março de 2022. Contudo, o advogado deste senhor não quis explorar este caminho. Contudo, diz-me o Dr. Google “estes sintomas de irrealidade, alem da depressão e ansiedade estão relacionadas também à síndrome do pânico, que é um tipo de transtorno caracterizado por crises espontâneas, intensas e súbitas sem causas aparentes.” Mas eu prefiro pensar que tem muito mais a ver com os comportamentos perversos dos que comandam as nossas vidas. Verifico.

Na verdade, muitas das nossas angústias têm a ver com ilusões criadas pela ação de promessas eleitorais que bem mais tarde sabemos não serem para cumprir. Facilita todo este ilusionismo a publicidade que se faz de lojas, onde compramos pouco por serem escassos os nossos salários e ainda mais as nossas reformas e muito menos as mesadas dos jovens.

Nem sequer reparamos como os “sacrifícios fiscais”, que nos são pedidos para salvar “patrioticamente” a Economia Nacional, são afinal para tapar buracos de bancos desonestamente geridos ou de empresários que não sabem administrar as suas empresas, esperando alguns que algum autarca lhes dê um terreno por poucos euros, dando-lhes eles em troca uma prenda pequena, ou seja dão uma chouriça porque receberam um porco.

Não vendo bem a realidade, muitos jovens e até uns jovens mais velhos procuram lojas bem iluminadas num shopping, sempre numa procura infindável do moderno, que está sempre lá longe e nem sequer reparamos nas paisagens que nos envolvem. Os jovens cada vez mais urbanos nem reparam nisso e falam só de jardins onde possam correr, passear …e namorar. Procuram só os shoppings próximos das escolas que se tornam pontos de distração, aliciando-os para faltarem às aulas e sonharem com cidades onde haja mais, maiores e melhores shoppings e isso é um falso motivo para saírem da cidade onde estudam ou vivem e há até oportunidades por eles desaproveitadas.

Nem sequer veem como os campos estão abandonados e sem uso útil. E só lhes dá vontade de se litoralizarem. Enchem-se por isso as vilas e cidades do Interior de casas em ruínas e a cair. Nem sequer pensam em lutar por um mundo melhor no lugar em que nasceram e quando ficam os patrões/autarcas oferecem-lhes ordenados de miséria. Nem sequer veem que há casas em conta onde podem ter uma vida calma e passear sossegadamente e aproveitar uma vida familiar, que lhes pode dar apoio permanente.

E de miragem em miragem entram numa teia de irrealismos perversos, em que perdem oportunidades melhores, sem repararem que, com realismo e sonho que baste, que aí podem ter uma vida bem melhor do que uma existência anónima, cansativa e extenuante num grande centro.

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