Jornalistas aprovam boicote a conferências de imprensa sem direito a perguntas

4º Congresso dos Jornalistas terminou Domingo, após quatro dias de debate, tendo sido aprovadas mais de 40 propostas relacionadas com o exercício e o futuro da profissão. O boicote a conferências de imprensa onde os jornalistas não tenham direito a fazer perguntas e às entidades que façam “blackout” aos órgãos de comunicação social foi uma das propostas que mereceu o aval dos jornalistas presentes.
Foram também aprova-das mensagens relacionadas com a necessidade de se cumprir a legislação laboral, reforçar os princípios éticos e deontológicos e de dar mais peso aos jornalistas nas entidades reguladoras do sector.
Na sessão inaugural do congresso, que decorreu em Lisboa, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, manifestou-se preo-cupado a situação da comunicação social e a precariedade nesta profissão e pediu aos jornalistas para que não desanimem e sejam anti-poder.
O chefe de Estado foi aplaudido quando deixou este apelo: «Nunca esquecer que o jornalismo só tem poder se nunca se vergar aos poderes políticos, econó-micos, financeiros, sociais, formais ou informais vigen-tes, antes deles se mantendo distanciado e perante eles permanentemente crítico, se quiserem, sendo um anti-poder, nesse sentido». «E acreditar sempre, porque se há experiência que o trabalhar em jornalismo tem em comum com o ensino é o apelo diário a não desanimar, a não desistir, a não renunciar, a pensar nos outros, no dever de testemunhar, no dever de servir, no dever cumprir uma missão comunitária. Nunca cedam, nunca desesperem, nunca abdiquem dessa vossa missão», acrescentou.
Com a ressalva de que a resolução dos problemas dos jornalistas cabe aos próprios e não ao Presidente da República, «por muito que conheça e vibre» com eles, Marcelo Rebelo de Sousa deixou-lhes mais algumas reflexões e conselhos. Sobre as actuais dificuldades da comunicação social, o Presidente afirmou que «a solução não é enterrar cabeça na areia, nem o querer reagir egoisticamente» e sugeriu aos jornalistas que «prefiram a plataforma possível de entendimento», deixando-lhes outra recomendação: «Fazer chegar a mensagem da vossa situação real aos cidadãos, que são a razão de ser da vossa vocação».
Marcelo Rebelo de Sousa impeliu ainda os jornalistas a «não ceder à ilusão de que o novo fim da história reside em aceitar tudo o que é moda do instante, o “slogan” do momento, a campanha da época, o que se chama agora pós-verdade, mas não passa da eterna mistificação».
À chegada ao cinema São Jorge, o Presidente visitou uma exposição com imagens de fotojornalistas portugueses que estão desempregados ou em situação laboral precária, intitulada “Trabalho”.
Marcelo Rebelo de Sousa falou do desaparecimento de rádios e jornais locais e regionais, da queda de vendas da imprensa escrita e da publicidade e da precarie-dade no jornalismo, referindo que «quase um terço dos cerca de 7750 profissionais é constituído por estagiários», manifes-tando «muita preo-cupação» com o estado da comunicação social. «Porque este congresso demorou tempo de mais a chegar, porque a precarie-dade enfraquece a vossa profissão-missão, porque ela é efeito de uma crise económico-financeira que ameaça a nossa comunicação social, porque sem jornalismo estável, forte, independente não há democracia sólida e de qualidade», afirmou.
O chefe de Estado evocou, nesta ocasião, o antigo Presi-dente Mário Soares e «a sua luta pela liberdade e pela democracia». E lembrou as suas «cinco décadas de acompanhamento próximo» do jornalismo.

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