Mais umas notas sobre coworking

O projeto “Aldeias de Montanha”, dinamizado pela ADIRAM – Associação para o Desenvolvimento Integrado da Rede das Aldeias de Montanha integra 41 aldeias que, segundo o seu site, estão distribuídas geograficamente entre o Parque Natural da Serra da Estrela e áreas adjacentes e Paisagem Protegida da Serra da Gardunha, integrando 9 concelhos: Covilhã, Seia, Guarda, Manteigas, Celorico da Beira, Oliveira do Hospital, Gouveia, Fundão e Fornos de Algodres.1

Uma das suas vertentes de ação passa pela criação de espaços de trabalho partilhado, sob a égide do já popular empréstimo anglo-saxónico de coworking.

Em parceria com as Juntas de Freguesia locais e respetivos municípios, o site desta Associação mostra-nos que existem já três destes espaços em localidades que integram esta rede, nomeadamente: Alvoco das Várzeas (Oliveira do Hospital), Lapa dos Dinheiros (Seia) e Videmonte (Guarda), com um outro espaço com abertura para breve em Alpedrinha, no Fundão.2

A inauguração do espaço localizado em Videmonte, em outubro de 2021, teve impacto mediático local e nacional, tanto que até contou com a presença da Ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa.

Este espaço deu, recentemente, um passo ainda maior no que a popularidade diz respeito, ao ser notícia no aclamado Financial Times3. O exemplo de Videmonte e da Andreia Proença, a primeira utilizadora do espaço, é o mote para uma visão mais alargada do que tem sido feito para trazer jovens de volta para áreas menos populosas. Esta estratégia é apresentada no artigo pela Ministra Ana Mendes Godinho, cada vez mais umbilicalmente ligada à Guarda e também citada no artigo. Para além disso, são dados ainda exemplos de outros países com iniciativas semelhantes.

Estas iniciativas, por si só, são necessárias e, na minha opinião, muito bem recebidas. A sua divulgação regular, e não apenas pontual aquando de ações políticas de inauguração, é também fundamental, para ir captando a atenção e seduzindo potenciais interessados. A projeção internacional, num órgão de comunicação social de referência, é mais um passo de credibilização e promoção destes espaços que podem atrair jovens qualificados para o nosso interior despovoado e envelhecido.

Para além disso, e estando o espaço de Videmonte aberto há já alguns meses, poderia ser interessante conhecer estatísticas do mesmo. Quantas pessoas já experimentaram o espaço? Quantas, dessas pessoas, tinham alguma relação prévia com a região? E quantas não tinham? Relativamente a estas últimas, o que as convenceu a escolher este lugar em específico?

Porque, apesar destes bons exemplos, o défice entre os que saem e os que regressam parece que continua a ser imenso. Empiricamente, e recorrendo de forma simples a um chat que ainda perdura e que reúne vários amigos dos tempos de adolescência, a verdade é que apenas três em vinte e um vivem a maior parte do tempo na Guarda.

P.S.: Nos últimos dias, foi divulgado pelo recém-empossado deputado pelo círculo da Guarda António Monteirinho, num programa da Rádio Altitude, que o Centro de Saúde da Ribeirinha ocupará um dos pavilhões do Parque da Saúde, nomeadamente o Pavilhão António Lencastre. É uma notícia que me deixa feliz, pela recuperação de um edifício histórico, atualmente em estado de avançada degradação, com um propósito basilar para a população.

1 https://www.aldeiasdemontanha.pt/pt/sobre-nos/projeto-aldeias-de-montanha/

2 https://coworkaldeiasdemontanha.pt/espacos

3 https://www.ft.com/content/a0fa4117-b347-4fa8-a6e4-dcf0b6499c90?shareType=nongift

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