Marcelo vence nos 18 distritos e nas regiões autónomas dos Açores e Madeira

Marcelo Rebelo de Sousa venceu, à primeira volta, as eleições presidenciais de Domingo, quando estavam escrutinados 98,77% dos votos, segundo os resultados provisórios. De acordo com os dados divulgados pela secretaria-geral do Ministério da Administração Interna – Administração Eleitoral, Marcelo obteve 52% dos votos (no distrito da Guarda alcançou os 58,53%), tornando-se no quinto Presidente da República portuguesa desde o 25 de Abril de 1974, e vai suceder a Aníbal Cavaco Silva.
Marcelo Rebelo de Sousa, eleito, no Domingo, Presidente da República, prometeu ser «livre e isento» e defendeu uma governação «com eficácia e com sucesso» e uma oposição «activa e representativa». Depois de uma campanha eleitoral sem cartazes nem os tradicionais comícios, o professor, como é conhecido depois de anos de comentário televisivo, venceu com 52%.Marcelo Rebelo de Sousa venceu nos 18 distritos de Portugal Continental e nos arquipélagos dos Açores e Madeira, obtendo no distrito de Viseu a maior percentagem de votos, 62,57%, e a mais baixa em Beja, 31,71%.
No distrito da Guarda alcançou os 58,53%, tendo Sampaio da Nóvoa obtido 21,62% e Marisa Matias 8,78%. Maria de Belém não foi além dos 4,31%, seguindo-se Vitorino Silva (mais conhecido por Tino de Rans) com 2,93%, Edgar Silva com 1,40% e Paulo de Morais com 1,23%.
Henrique Neto ficou com 0,67%, Cândido Ferreira apenas 0,28% e Jorge Sequeira 0,25%.
Manteigas foi o único concelho do distrito da Guarda a dar mais de 30 por cento dos votos a Sampaio da Nóvoa. Em Figueira de Castelo Rodrigo, Fornos de Algodres, Gouveia, Guarda, Seia e Vila Nova de Foz Côa, Sampaio obteve mais de 20 por cento. Marcelo Rebelo de Sousa teve a melhor votação em Aguiar da Beira, ultrapassando os 70 por cento. Em seis concelhos do distrito esteve acima dos 60 por cento e noutros tantos ultrapassou os 50 por cento. A pior votação (48,73%) foi obtida em Manteigas.
Em Lisboa, o próximo Presidente da República conseguiu 49,74% dos votos e no Porto 51,28%. Nos Açores, Marcelo conquistou 58,07% e na Madeira obteve 51,35%. António Sampaio da Nóvoa obteve o seu melhor resultado no distrito de Beja, com 31,47% dos votos, e na Madeira registou o seu pior resultado (11,27%). Nos Açores, Sampaio da Nóvoa conquistou 21,54% dos votos.
Em Lisboa, o antigo reitor da Universidade de Lisboa conquistou 25,83% dos votos e no Porto 21,77%.
Marisa Matias, candidata apoiada pelo Bloco de Esquerda, obteve o melhor resultado no distrito de Coimbra, com 13,91% dos votos, sendo que em Vila Real foi o distrito onde conseguiu menor percentagem (6,78%). Em Lisboa, a também eurodeputada obteve 10,05% e no Porto teve 10,22%.
O distrito de Castelo Branco deu a Maria de Belém o seu melhor resultado, com 5,18% dos votos, enquanto na Região Autónoma da Madeira foi onde a candidata teve 2,78% dos votos, a sua menor percentagem. Maria de Belém conseguiu no distrito de Lisboa 4,49% dos votos e no Porto 4,53%.
O candidato apoiado pelo PCP, Edgar Silva, obteve o seu melhor resultado na Região Autónoma da Madeira, com 19,70% dos votos, enquanto em Bragança conquistou 1,20%, o seu pior resultado num distrito. Em Lisboa, Edgar Silva registou 4,02% dos votos e no Porto 2,49%.
Marcelo presidente quer governo «com sucesso» e oposição «activa»
Marcelo Rebelo de Sousa prometeu Domingo à noite ser um Presidente da República «livre e isento» que servirá «todos os portugueses por igual» e, embora saudando os seus antecessores, disse querer ter o seu «próprio estilo». «Não há vencidos nestas eleições presidenciais. Há portuguesas e portugueses sem excepções nem discriminações. E eu serei a partir de agora o Presidente de todas as portuguesas e de todos os portugueses, porque a Constituição o consagra e porque a minha consciência o dita», declarou.
No seu discurso de vitória, no átrio da Faculdade de Direito de Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa saudou os seus oponentes, o actual e os anteriores chefes de Estado e «os grupos de cidadãos, movimentos e partidos» – PSD, CDS-PP e PPM – que o apoiaram ou recomendaram o voto na sua «candidatura independente», mas reiterou que esses apoios não o condicionam. «Digo hoje o que sempre disse ao longo da minha campanha eleitoral. Agradeço a decisão que tomaram e sublinho o modo como souberam entender o objectivo que sempre tracei numa candidatura independente: ser um Presidente livre e isento, cujo único compromisso que assume é servir todos os portugueses por igual, sem discriminações nem distinções», afirmou.
O ex-líder do PSD manifestou a intenção de «fomentar a unidade nacional», «promover as convergências políticas» e «incentivar o frutuoso relacionamento entre órgãos de soberania e agentes políticos, económicos, sociais e culturais» enquanto chefe de Estado. «O Presidente da República é o primeiro a querer que o Governo governe com eficácia e com sucesso, porque isso é importante para o sucesso de Portugal. Do mesmo modo é indispensável que a oposição seja activa e representativa, porque do seu contributo e do seu escrutínio se faz igualmente a força da democracia», afirmou o presidente eleito.
António Costa preferiu fazer uma declaração como primeiro-ministro, na Residência Oficial de São Bento, em Lisboa, remetendo a posição oficial do PS para a secretária-geral adjunta, Ana Catarina Mendes. «Ao Presidente da República agora eleito quero reafirmar o compromisso de máxima lealdade e plena cooperação institucional que tive a oportunidade de expressar aquando da tomada de posse do actual Governo», disse.
António Sampaio da Nóvoa, que ficou em segundo lugar nas eleições, felicitou Marcelo Rebelo de Sousa e disse que lhe ligou para pedir que seja o Presidente de todos os portugueses. «A partir de hoje, Marcelo Rebelo de Sousa é o meu presidente e o de todos os portugueses», declarou Sampaio da Nóvoa na sede da sua candidatura, em Lisboa, salientando que «Portugal precisa muito de união».
A candidata apoiada pelo BE, Marisa Matias, assumiu que o objectivo da segunda volta falhou, mas considerou que «os resultados também demonstraram que há uma enorme onda de esperança que está a crescer» no país e que «está a fazer o seu caminho».
Maria de Belém – que ficou em quarto lugar com pouco mais de 4% dos votos – foi a primeira candidata a assumir a derrota, depois de uma «campanha difícil”, e a anunciar que já tinha saudado o «novo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa».
Edgar Silva, que teve o pior resultado de candidatos apoiados pelo PCP, assumiu que o resultado eleitoral desejado ficou por alcançar, mas prometeu continuar a «sonhar coisas impossíveis» e com um Portugal melhor, de «progresso e justiça social».
Vitorino Silva, conhecido por Tino de Rans, manifestou-se «muito contente» com o resultado eleitoral, lembrando que foi «o sexto filho, o sexto no boletim de voto e o sexto» nestas eleições.
Paulo de Morais admitiu que o resultado das eleições ficou «muito aquém” do esperado, mas realçou que o tema que sempre defendeu, do combate à corrupção, «não pode sair mais da agenda política».
Henrique Neto disse esperar que Marcelo Rebelo de Sousa surpreenda os portugueses como novo Presidente da República e que seja um «factor positivo da mudança profunda que o país precisa».
Jorge Sequeira disse que ainda não é «suficientemente político» para dizer que teve uma vitória, mas reconheceu que nos seus «sonhos mais profundos» esperou ter mais votos.
Cândido Ferreira, o candidato com menos votos, considerou que os resultados das candidaturas independentes ficaram «muito aquém das expectativas», devido à «demasiada partidarização da vida política».
Segundo os dados da secretaria-geral do Ministério de Administração Interna – Administração Eleitoral, quando ainda faltam apurar 14 consulados, Marcelo Rebelo de Sousa conseguiu 52% dos votos, seguindo-se António Sampaio da Nóvoa (22,89%), Marisa Matias (10,13%), Maria de Belém Roseira (4,24%), Edgar Silva (3,95%), Vitorino Silva (3,28%), Paulo de Morais (2,15%), Henrique Neto (0,84%), Jorge Sequeira (0,3%) e Cândido Ferreira (0,23%).