Mês de Miguel Cervantes na BMEL

No ano em que se assinalam os quatrocentos anos da morte de Miguel de Cervantes, a Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço (BMEL), na Guarda, destaca aquela que é considerada uma das grandes figuras da literatura de todos os tempos através de um variado leque de iniciativas, a decorrer este mês. O programa evocativo é composto por exposições, conferências, música, oficinas, filmes, teatro e conversas.
Miguel de Cervantes Saavedra, romancista, dramaturgo e poeta castelhano, nasceu, supostamente, em 29 de Setembro de 1547 em Alcalá de Henares e morreu em Madrid, em 22 de Abril de 1616. Sendo um dos maiores escritores espanhóis, Cervantes destacou-se pela sua obra prima, mundialmente conhecida, “Dom Quixote de La Mancha”. A sua influência é tão grande que o castelhano, por vezes, é chamado “la lengua de Cervantes”. A obra surgiu num período de grande diversidade por parte dos ficcionistas espanhóis, parodiando os romances de cavalaria que, na altura, já se encontravam em declínio. Ao longo dos 126 capítulos de narração dos feitos do Cavaleiro da Triste Figura, Cervantes satiriza os preceitos que regiam as histórias fantasiosas daquela época, recorda a BMEL em nota de imprensa.
O ciclo dedicado ao escritor começou esta Terça-feira com a inauguração da exposição “Ler a Mancha : 5 ilustradores e 5 escritores recriam o Quixote”, patente ao público naquele espaço até 30 de Maio.
Sob o signo de Dom Quixote, Sancho Pança, Roncinante, Dulcineia e Cervantes, reúnem-se nesta exposição excertos de textos de Vasca Graça Moura, António Mega Ferreira, Diniz Machado, José Eduardo Agualusa e Francisco José Viegas e ilustrações de André Letria, Pedro Nora, Alex Gozblau, Gonçalo Pena e Bela Silva.
A conferência “Onze anos de centenários: vida e obra de Miguel de Cervantes no século XXI”, por Alexia Dotras, é outra das iniciativas, agendada para dia 10 às 18h00. Esta tenciona aprofundar o conhecimento sobre a vida e obra do escritor a partir da perspectiva da crítica literária actual e da sociedade do século XXI.
A música será também uma forma de dar a conhecer a emblemática obra de Cervantes aos mais novos. Sérgio Pelágio e Isabel Gaivão (Companhia Real Pelágio) vão mostrar isso mesmo, dia 17 às 10h00 e às 14h30, com “Histórias magnéticas: o meu primeiro D. Quixote”.
Histórias Magnéticas é um projecto do guitarrista e compositor Sérgio Pelágio que consiste na composição de bandas sonoras para histórias infantis. O resultado é uma história-contada-concerto para guitarra eléctrica e voz.
“O meu primeiro D. Quixote” adaptado por Alice Vieira para crianças é uma história intemporal que continua a fascinar devido à ideia genial de Miguel de Cervantes de inventar um personagem que, por ter lido muitos livros, confunde a ficção com a realidade, explica a BMEL.
Após o espectáculo haverá uma conversa e uma oficina, em que as crianças serão estimuladas a construir uma partitura/história feita de elementos variados – recortes, palavras, desenhos e outros – partindo de uma procura dos sons escondidos no texto e nas imagens.
Destaque para o filme “Dom Quixote” de Orson Welles, a confirmação de que a obra do escritor castelhano não passou despercebida ao realizador.
Apaixonado por Espanha, Welles dedicou 14 anos da sua vida a Dom Quixote, mergulhando na obra de Cervantes através das personagens de Dom Quixote e Sancho Pança que viajam pela Espanha de 1960, dando uma visão única e apaixonante das mais emblemáticas personagens espanholas.
“Dom Quixote” é exibido dia 23 às 21h30.
Dia 30, pelas 18h00, será projectado o documentário “Don Quichotte de Cervantes” de Eric Rohmer, seguido de uma conversa com o público presente. Trata-se de um documentário didático realizado por Eric Rohmer em 1965 para a televisão francesa e produzido pelo Centro Nacional de Documentação Pedagógica.
A programação dedicada a Cervantes encerra no último dia do mês, às 16h00, com a apresentação de “Sancho Pança, governador da ilha dos lagartos” de António José da Silva.