Ministro da Cultura preocupado com vandalismo no Parque Arqueológico do Vale do Côa

O ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, afirmou na passada Sexta-feira que a vandalização de uma gravura rupestre no Parque Arqueológico do Vale do Côa é uma «situação preocupante», tendo já sido apresentada uma queixa-crime no Ministério Público (MP). «Já denunciámos a situação ao MP, esperamos agora que as autoridades de segurança se tenham mobilizado. Eu ainda não consegui falar com o presidente da Câmara de Foz Côa, mas tenciono fazê-lo o quanto antes», disse aos jornalistas, à margem da inauguração da exposição “Corpo, Abstração e Linguagem na Arte Portuguesa – Obras em depósito da Secretaria de Estado da Cultura na Colecção de Serralves”, no Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso, em Chaves.
A Fundação Côa Parque denunciou na passada Sexta-feira um «inqualificável”»atentado contra uma das rochas do parque arqueológico na qual está representada uma figura humana com mais de dez mil anos. «Fomos surpreendidos com a descoberta de novíssimas gravações de uma bicicleta, um humano esquemático e a palavra “BIK” diretamente sobre o conhecidíssimo conjunto de sobreposições incisas do setor esquerdo daquele painel, onde, como é universalmente sabido, está o famoso “Homem de Piscos”, a mais notável das representações antropomórficas paleolíticas identificadas no Vale do Côa», disse à Lusa o director do parque arqueológico, António Baptista.
Questionado sobre a falta de segurança do parque, o ministro referiu que «toda a gente» se queixa de falta de vigilância, admitindo que se dissesse que está tudo bem estaria a ser «incorrecto». «Vivemos anos de cortes brutais em todas as estruturas da Cultura, seria impossível que num ano estivesse tudo remediado», considerou. «Isto mostra a vantagem de termos uma nova estrutura que está praticamente pronta, a fundação está constituída, os estatutos estão aprovados, estão nomeados os representantes dos vários ministérios e, agora, vamos entrar a trabalhar muito seriamente a partir do fim deste mês», salientou.
Com esta alteração, Luís Filipe Castro Mendes sustentou que estarão a trabalhar no terreno de «outra maneira» e com a cooperação dos trabalhadores de Foz Côa que, na sua opinião, têm tido uma «resistência notável».
No começo de Abril, o Conselho de Ministros aprovou o decreto-lei que altera os estatutos da Côa Parque – Fundação para a Salvaguarda e Valorização do Vale do Côa, que abrange o Museu e o Parque Arqueológico.
De acordo com o comunicado do Conselho de Ministros, a ação do Governo é «fortalecida, passando a área da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior a estar representada no conselho diretivo em estreita articulação com os representantes da Cultura, do Turismo, do Ambiente, da autarquia local e da Associação de Municípios do Vale do Côa». «É alargada a missão da Fundação na valorização patrimonial, científica, ambiental e turística do Vale do Côa, designadamente através do envolvimento de instituições científicas e ensino superior, imprimindo à Fundação uma nova dinâmica de atuação que permita a prossecução da sua missão de interesse público», destacava o comunicado na altura.
Em Novembro, o Governo já havia aprovado uma resolução com vista à viabilização da Côa Parque – Fundação para a Salvaguarda e Valorização do Vale do Côa, sediada em Vila Nova de Foz Côa. De acordo com um comunicado na altura, com a resolução aprovada eram autorizadas transferências para o equilíbrio de contas da fundação, de forma a assegurar o respectivo saneamento financeiro.