Ninguém deveria morrer de cancro
O maior desígnio do século XXI deveria ser a cura para o cancro. Os maiores grupos económicos e o poder político deveriam reunir esforços e alocar verbas expressivas para o desenvolvimento massivo da investigação científica.
Começam-se a vislumbrar luzes ao fundo do túnel que nos trazem esperança, como a quimioluminescência, o método CAR-T Cells, alguns medicamentos e, mais recentemente, uma vacina capaz de desencadear respostas imunitárias aos tumores. Tudo isto ainda numa fase muito embrionária.
Estamos no ano de 2022 e ninguém deveria morrer de cancro.
Vários são os casos de superação, mas, infelizmente, nunca morreram tantas pessoas vítimas desta doença.
De 1960 a 2020 a taxa de mortalidade por tumores malignos, em Portugal, aumentou 13,7%.
Mundialmente, de 2010 a 2019, em menos de uma década, houve um aumento de 26,3% novos casos e de 20,9% mortes. Isto significa que, no ano de 2019, foram registados 23,6 milhões de novos casos e dez milhões de mortes.
A maior causa de morte em Portugal é o cancro do intestino. Segundo dados da United European of Gastroenterology, morrem em Portugal, diariamente, uma média de 11 pessoas por cancro colorretal.
Todos estes números são alarmantes.
A técnica evolui, mas os tratamentos continuam a ser extremamente pesados para o doente. Como se tal não bastasse, algumas unidades de oncologia têm carência de recursos e, nalguns casos, os pacientes têm que se deslocar para outras cidades para realizarem as sessões de quimioterapia, fazendo centenas de quilómetros com gastos inerentes à deslocação. Isto não só é profundamente injusto a nível social, como é física e emocionalmente muito negativo para quem está a travar uma luta.
Infelizmente, ainda estamos muito atrasados nesta batalha sanitária.
Perdemos todos os dias pessoas, muitas delas com idades inaceitáveis para serem perdidas.
O cancro tem que ser derrotado com carácter imediato.
Que a Ciência nos valha, porque este não é assunto de divindades.
Aos que estão nesta batalha, a esperança da vitória. Tratar o cancro por tu e trocar-lhe as voltas. Ter a força da Humanidade para lutar pela vida.
Os casos de superação são, felizmente, muito mais elevados que os de não superação, porém, o cancro ainda ceifa vidas e o nosso coração fica mais pequeno a cada partida precoce.
Usemos todas as ferramentas ao nosso alcance para derrotar, de uma vez por todas, todos os cancros.
Para os não cientistas, o maior ataque é a prevenção. Que estejamos atentos ao nosso corpo, auto-examinemos, ouçamos as dores e expressemo-las a quem as estudou. A saúde deve ser vigiada, as análises devem ser rotineiras.
A todos os lutadores, aos que sobreviveram, aos que ainda estão em batalha e aos que não resistiram, a minha profunda admiração e empatia.
Ao Paulo Macedo, guerreiro que nos deixou depois de uma dura batalha, a minha prece para que encontre a Paz e a minha gratidão pela sua generosidade, boa disposição e amizade.
Se eu tivesse a tal arma, dispararia com tiro certeiro, sem hesitar, direta ao alvo e nem mais uma vida se perderia.