O Dilema do Prisioneiro

Era uma vez dois homens que cometeram um crime e foram presos. Tinham combinado que, na eventualidade de serem presos, nenhum confessaria o crime, mesmo que houvesse uma promessa judicial de uma delação premiada, em que o delator teria uma pena reduzida. Sabiam que o delator teria uma pena de três anos e o delatado cinco anos. Contudo, chegados ao local do interrogatório, fraquejaram os dois e apanharam ambos cinco anos. E esperam agora que, neste país de juízes de brandos costumes, a pena seja reduzida. E isto é o que todos os criminosos esperam.

Este dilema do prisioneiro é bem conhecido entre os economistas que sabem de economia. Não o conhecem os economistas como João Rendeiro, dono de um Banco onde cometeu muitos crimes que, vendo-se acossado, e não acreditando na existência de juízes amigos, andou a fugir, descobrindo um país, África do Sul, onde pensava ir viver tranquilo. Mas, isso não aconteceu por alguém o ter denunciado. Acabou por isso numa prisão, onde teve de acamaradar com muita gente a quem dava prendas, que a sua advogada custeava até ao momento em que esta disse que não o continuava a fazer.

Deram-lhe depois uma cela onde ficou sozinho e pôde suicidar-se. Dizem.

Assim, teve solução este dilema de João Rendeiro, deixando uma viúva bem de vida por haver um motorista amigo, que até comprou uma casa para ela aí morar.

Diferente é a sorte de José Sócrates Pinto de Sousa, que pode ir até ao Brasil como defende o seu fiel advogado, negando competência ao Ministério Público para pedir uma reavaliação da medida de coação, já que podia ser mais restritiva, atendendo que este “animal feroz” e em simultâneo “menino de ouro do PS “, viaja sempre sem o comunicar ao tribunal (In As Beiras, 20 de maio de 2022, p. 24, coluna 1). Mas, João Rendeiro, por alguma razão não queria voltar a Portugal. E ninguém agora pergunta porquê.

De facto, existem em Portugal alguns senhores para quem a justiça tem sido branda, sendo tratados com carinho e desvelo, ficando de fora sempre da alçada da lei, que nunca se lhe aplica. Olhamos para o caso de Oliveira e Costa, protetor de Cavaco Silva, que morreu na paz dos homens e, ainda, de Ricardo Espírito Santo Salgado que não foi ainda incomodado pela Justiça e vive na Esperança de que o Dr. Alzheimer o livre da prisão. Torna-se assim Portugal o território sagrado, onde o dilema dos prisioneiros não se aplica de todo, sendo o paraíso de que todos os criminosos precisam. Refuta-se assim o modelo matemático do dilema do prisioneiro pois em Portugal os criminosos são incensados e vivem felizes para sempre.

Na minha aldeia e muitas outras, nas festas de Verão, o S. Sebastião é venerado por ter tido a atitude digamos insensata, de se apresentar perante um Rei reafirmando a sua Fé, mas, este mandou-o matar, sendo representado em muitas Igrejas por uma figura cravado por muitas flechas que o trespassaram, causando-lhe a morte.

Poderão alguns agora questionar o modelo do dilema do prisioneiro, dando o exemplo de muitos comunistas que, estando presos, aguentaram estoicamente a tortura, não falando, mas a quem os juízes, sequazes de Salazar, aplicavam medidas de restrição de liberdade para que não continuassem a sua luta contra a exploração do homem pelo homem, logo e quando as técnicas de convencimento da PIDE não os conseguissem calar. A eles nem sequer a Censura impedia que se soubessem as verdades.

São agora bem eficazes as técnicas de produção de “verdades falsas”, que impedem que socialmente nos revoltemos contra a exploração do homem pelo homem. Tudo nos faz prisioneiros da mentira organizada que nos manieta e nos impede de viver num mundo possível de Paz e na Abundância com os recursos que existem, mas só se todos trabalharmos.

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