Os Lusíadas do nosso tempo
De algum tempo para cá tenho sido importunado pelo pensamento de que ninguém irá nos próximos tempos glorificar os feitos deste nosso povo, que é desde sempre obrigado a emigrar pela má e até desonesta governação, fazendo com que agora o Dia de Camões seja também o Dia das Comunidades dos Portugueses espalhados pelo Mundo.
Nem sequer haverá quem cante os feitos de José Sócrates Pinto de Sousa, que tem afrontado com tanta grandiloquência o poder judicial. E, parece-me, que ninguém lhe dá os parabéns por tal feito! Nós não veneramos sequer os nossos oligarcas e, como aconteceu com João Rendeiro eles vão morrer longe da Pátria que tão mal-amaram, que, no caso presente foi bem perto do Cabo das Tormentas, onde já não há nenhum Adamastor.
Antes tivemos um António de Oliveira Salazar, ainda tão estranhamento aclamado por um Povo a quem o vendem como Salvador de uma Pátria, que, com ele continuou a ser esvaziada, já que o povo das aldeias, onde se vivia miséria e medonha exploração fugia a Salto como ato de repulsa por tao imiserante regime. E o Ditador impunha fronteiras burocráticas que a PIDE fazia ver que controlava, seguindo os emigrantes numa tentativa pateta de conseguir deter essa gente na sua libertação da fome, e enfim da pobreza imerecida.
António de Oliveira Salazar tinha os seus heróis e tentava criar um mundo à medida dos Espíritos Santos com quem almoçava regularmente ao Domingo. Era para combinarem o que Regime Corporativo devia fazer como Condicionamento Industrial e Outros, tal como a Censura e a Repressão Policial. Precisavam disso os nossos oligarcas, pois não sabiam ganhar dinheiro de outra forma. E Salazar sabia-o bem.
Tudo se complicou para os nossos oligarcas e seus sequazes quando, numa manhã de Abril se fez a Revolução Democrática, que, desde há quase 50 anos, uns partidos mal amanhados tentam reverter. Usam para isso uma Imprensa submissa que controlam cada vez mais, retirando continuadamente ao Povo quaisquer direitos a uma vida digna e até uns direitos, os que José Sócrates disse que não eram nem nunca seriam adquiridos.
Seguiu-se um Rapaz de Vila Real que foi fazendo das suas, sendo mais troikano que a troika, piorando sempre as condições em que ainda sobrevive o Povo Português, fazendo sofrer muito os seus conterrâneos tal como verifiquei quando vivi longas horas na sua terra. E agora o atual governante, ciente de que o dinheiro dos impostos não dá para tudo reduziu o direito à “creche gratuita às crianças até um ano de idade que frequentem o setor social e solidário, afirmou ontem a ministra do Trabalho, segundo a qual a medida está definida desde o início dessa forma.” Acrescenta até a Ministra Ana Mendes Godinho, que é “uma medida histórica” para o país.
Informa-me disso o Diário As Beiras, na sua última página, no dia a seguir ao dia da Criança, como se isso fosse uma medida de apoio às famílias que ainda vivem em Portugal.
E esta gente, tão pouco amiga da Nossa Gente, nem sequer pensa na Renovação Geracional deste Povo cantado por Luís Vaz de Camões e nem sequer quer que se cantem os seus feitos como Governantes. E se alguém o quiser fazer, logo mandarão uns fazedores de notícias falsas desacreditá-los para que não o tentem fazer. E para que ninguém aprenda algo que ofenda os direitos ao bom nome dos nossos oligarcas, Maria de Lourdes Rodrigues, Ministra da Educação do Governo Sócrates, tudo fez para reduzir o número dos que ensinam. E conseguiu-o.
Talvez por isso eu não consigo vislumbrar entre os poetas que conheço quem queira cantar os feitos desta pouco “Ínclita Geração”, bem diferente da cantada por Camões. Talvez aconteça por serem misericordiosos os Poetas do nosso Tempo.