Parque Arqueológico assinala 21 anos com constrangimentos nas visitas aos núcleos


Criado há 21 anos, o Parque Arqueológico do Vale do Côa, em Vila Nova de Foz Côa, enfrenta constran-gimentos causados pela falta de guias e o «desgastado» parque de viaturas usado nas visitas aos núcleos de arte rupestre, como reconhece o presidente do Conselho Directivo, Bruno Navarro. O dirigente diz que os problemas serão resol-vidos de forma progres-siva e revela que há novos projectos para uma maior valorização do património natural.
O Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC), que assinala 21 anos na Quinta-feira, assume novos compromissos, que passam, entre outros, por uma maior valorização do património natural envolvente das gravuras. «Há vários projectos no sentido de dinamizar o desenvolvimento turístico em torno do PACV e não, apenas, no que diz respeito à arte pré-histórica. Uma das apostas passa pela valorização do património natural, sendo um dos objectivos já inscritos na revisão dos novos estatutos da Fundação Côa Parque [FCP],» disse à Lusa Bruno Navarro, presidente do Conselho Directivo da instituição. O PAVC é composto por três núcleos de arte rupestre que são visitáveis: Penascosa, Canada do Inferno e Ribeira de Piscos, que se mantêm abertos a visitas, sendo preciso dinamizá-los para incrementar o acesso de turistas. «Contamos com os nossos guias – e alguns deles exercem a sua função há mais de 20 anos -, que continuam a acompanhar as visitas aos núcleos do PAVC, numa verdadeira missão de serviço público, [reconhecida] pela reação dos visitantes, e assim valorizar o território. Mas, com os constrangimentos que temos sofrido no seio da FCP, [há] alguns problemas que vamos resolver com o passar do tempo», explicou o responsável.
Os problemas, segundo Bruno Navarro, são, na prática, constrangimentos causados pela falta de guias e pelo envelhecido e «desgastado» parque de viaturas todo-o-terreno utilizadas nas visitas aos núcleos de arte rupestre. «A renovação da frota de viaturas é um dos compromissos assumidos e que está na agenda da FCP, que será feita, não de uma vez, o que implicaria um esforço financeiro significativo, [mas] que será efetuado de forma progressiva», enfatizou. A renovação da frota de viaturas deverá começar a ser feita já no próximo ano. Outra das apostas para o futuro do PAVC passa por criar parcerias com agentes privados do território, que se dedicam a fazer visitas à Arte do Côa, criando assim um modelo de visitas «complementar». «Nós preten-demos aprofundar essas parcerias, criando um novo modelo de marcação de visitas mais centralizado, para que os visitantes não sejam confron-tados com a impossibilidade de visitar o PAVC, numa modalidade que será implementada no próximo ano», frisou.
Desde a revelação das gravuras rupestres do Vale do Côa, em 1995, continuam a acrescentar-se novas descober-tas e são mais de 70 os sítios arqueológicos já identificados, tornando-se assim numa das maiores áreas a céu aberto da arte representativa do Paleolítico Superior.
O PAVC ocupa uma área de cerca de 20 mil hectares de terreno, sendo alguns dos sítios de «difícil acesso» para investigadores e visitantes, e onde «a prospecção arqueológica vai continuar». Mais de duas décadas depois da polémica que suspendeu a construção da barragem, na sequência de protestos de ambientalistas e de especialistas em arte rupestre, o PAVC mantém o propósito de contribuir para o desenvolvimento do território onde está inserido.