Povos, Poder e Patranhas
Adam Smith avisou há muito que as grandes empresas eram ineficientes, sendo naturalmente cancros do resto da economia. De facto, vão pedindo continuadamente apoios do Estado para seu resgate e pertencendo à União Europeia, pedem apoio aos seus vários estados. Assim, as grandes empresas apoiadas pela União Europeia são naturalmente consumidoras de recursos, que faltam às suas pequenas e médias empresas, sendo causadoras de cada vez maiores desigualdades regionais quando estas empresas se situam em regiões tradicionalmente desfavorecidas, como é o nosso Interior.
São contradições que agora afetam mesmos os países, onde as desigualdades regionais não têm justificação, levando os governantes a situações endémicas de instabilidade governativa, provocada pelas grandes empresas, que agora se instalou também na Grã-Bretanha, tornando-a semelhante à Itália, levando o “The Economist” a cunhar uma palavra “Britaly” que é a junção de Britain mais Italy, algo que não acontece em Portugal por o nosso Primeiro-Ministro não saber o Inglês suficiente para o fazer.
Temos assim uma enorme confusão de valores, onde a democracia não parece existir de uma forma aceitável. Na verdade, em todos países, os interesses das grandes empresas obrigam os partidos do arco da governação a propor e a aplicar medidas ao nível dos orçamentos de estado que provocam repúdio dos eleitores, pondo em perigo os lugares dos políticos ainda em ação, tal como aconteceu na Grã-Bretanha, levando à sua atual instabilidade governativa. E isso contagia todos os países da Europa, que assim poderá deixar de ser um Jardim em contraste com a selva, que é o resto do mundo como nos diz Josep Borrel Fontelles, Alto Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, mostrando-se este assim muito confuso.
Provavelmente, lembrou-se Portugal, crismado de Jardim, onde os governantes não governam por não terem como objetivo fazê-lo, mas sim apoiar umas grandes empresas a quem distribuem os impostos cobrados a uma população envelhecida, a quem vão reduzir as reformas através de medidas inesperadas de entrega de mais meia reforma em Outubro corrente, condição necessária para reduzirem os aumentos das reformas do próximo ano, mas que são necessários para cobrir a inflação galopante como vemos nas faturas dos grandes supermercados. E há também 125 euros a serem distribuídos a esmo, evidenciando assim a qualidade da nossa administração pública.
Entretanto faltam professores nas escolas por muitos se terem reformado ou desistido de ensinar em más condições e sempre mal pagos. Entretanto, faltam também médicos e o Governo desta República não consegue acertar com soluções pois, por arrasto, é preciso pagar melhor a todos os que trabalham para o Estado.
Pior ainda há portagens estranhamente mais caras nas poucas autoestradas do Interior, que até foram feitas para melhorar a sua competitividade, mas que assim fica mais uma vez obstaculizada, complicando a sua vida social e económica. Não bastando os inimigos que, em Lisboa, assim decidem colocar obstáculos ao desenvolvimento do Interior, neste gera-se, pela permissividade da Lei, desvios de dinheiro e empregos só para amigos, bem como contratos para empresas, que dão chouriças aos autarcas e a outros com poder de contratar, já que antes pediram apoios para campanhas eleitorais, que quando ganham os pagam.
E para que o Poder não fique mal visto com tanta patranha, há quem convença os Povos que tudo tem de ser assim para sua sempre eterna e inevitável infelicidade.
Não nos convençamos disso.