Prémio Eduardo Lourenço atribuído a Fernando Paulouro Neves

Fernando Paulouro Neves é o vencedor do Prémio Eduardo Lourenço 2017. O resultado foi anunciado na tarde da passada Sexta-feira na sede do Centro de Estudos Ibéricos (CEI), na Guarda, após a reunião do júri, que o decidiu atribuir ao jornalista, escritor e cronista natural do Fundão por unanimidade.
«Confesso que é um galardão que me deixa muito honrado, porque se há um prémio que pode honrar alguém ligado à cultura portuguesa, esse prémio é aquele que tem nome do professor Eduardo Lourenço. Em suma, ter um prémio com o nome de Eduardo Lourenço é uma honra inultrapassável», afirmou Fernando Paulouro Neves, em declarações à agência Lusa.
O prémio, instituído pelo CEI, no montante de sete mil e quinhentos euros, destina-se a premiar personalidades ou instituições com intervenção relevante no âmbito da cultura, cidadania e cooperação ibéricas.
O júri, este ano constituído entre outros e além dos membros da direcção do CEI por quatro personalidades convidadas: Adriana Calcanhotto e Walter Rossa, indicados pela Universidade de Coimbra, e por Pedro Serra e José Luis Fuentecilla Lastra, indicados pela Universidade de Salamanca, reconheceu a «projecção cultural e ibérica» do galardoado e a sua «notória vocação cultural e cívica, desenvolvida ao longo dos últimos 50 anos, no Jornal do Fundão, órgão de referência na história da imprensa nacional, onde foi jornalista, chefe de redacção e director».
«Protagonista de um jornalismo fortemente literário, que tantas vezes lhe permitiu contornar a censura pela finura da escrita, Fernando Paulouro das Neves representa muito bem a ligação entre os dois lados da raia ibérica, vividos e defendidos ao longo de uma vida de resistência», entendeu o júri, destacando ainda a sua «intransigente cidadania e a consciência de realidade de uma região interior numa perspectiva regional, ibérica e universal».
O convite da Universidade de Coimbra para integrar o júri deste prémio foi para Adriana Calcanhotto, que está em residência artística naquela universidade até ao próximo mês de Junho, «uma surpresa, uma honra, eu aceite na hora e achei uma experiência muito interessante». «Mais do que um desafio representou para mim uma honra porque qualquer coisa que se chame Eduardo Lourenço para mim sempre significará uma coisa de altíssima qualidade», confessou a cantora e compositora brasileira em declarações aos jornalistas, à margem da reunião.
E sublinhou que «embora o prémio tenha sido escolhido por unanimidade isso não quer dizer que chegámos todos aqui com o mesmo nome». O que em seu entender «é uma coisa muito interessante, que é a conversa, porque todas as candidaturas são muito boas, todas muito fortes, todos os trabalhos são de altíssimo nível, as pessoas, as carreiras, as trajectórias, mas a gente tem que portar sempre em relação não só às trajectórias como ao momento presente e a ligação que isso tenha com o pensamento do professor Eduardo Lourenço». «Gostei muitíssimo da experiência», garantiu.
Ao todo foram apresentadas 12 candidaturas, número que tem sido «muito semelhante ao longo dos anos», mas para o vereador Victor Amaral, que representou a Câmara da Guarda no júri, «mais importante que o número é a qualidade das candidaturas e o reconhecimento que o Prémio Eduardo Lourenço tem no contexto nacional e ibérico, e as candidaturas apresentadas são prova disso mesmo».
«As candidaturas revelam essa universalidade que o prémio atingiu e que obriga o júri a uma reflexão que nunca é fácil, e mais uma vez não foi, justamente dada a qualidade de todas as candidaturas apresentadas», assegurou.
O Prémio Eduardo Lourenço já foi entregue a Maria Helena da Rocha Pereira, professora catedrática de Cultura Greco-Latina, Agustín Remesal, jornalista, Maria João Pires, pianista, Ángel Campos Pámpano, poeta, Jorge Figueiredo Dias, professor catedrático de Direito Penal, César António Molina, escritor, Mia Couto, escritor, José María Martín Patino, teólogo, Jerónimo Pizarro, professor e investigador, Antonio Sáez Delgado, professor e investigador, Agustina Bessa- Luís, escritora, e Luís Sepúlveda, escritor.
A data de entrega do prémio a Fernando Paulouro Neves será anunciada em breve.
GM