Presidente da CCDR critica a utarcas da região por encomendarem est udos a empresas de Lisboa
No dia em que foi apresentada, na Guarda, a Rede Nacional de Montanhas do Conhe-cimento, da qual faz parte a Serra da Estrela, a secretária de Estado do da Ciência e Ensino Superior anunciou que a região vai ter um Centro de Ciência Viva.Na sessão, os autarcas da região foram criticados pela presidente da CCDR por encomendarem estudos a empresas de outras zonas do país em vez de recorrerem ao Politécnico da Guarda e à Universidade da Beira Interior.
O presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Centro, Ana Abrunhosa, criticou os autarcas da região por encomendarem estudos e pareceres técnicos a entidades de outras zonas do país em vez de recorrerem ao Instituto Politécnico da Guarda e à Universidade da Beira Interior. «Não entendo! Temos de dar o exemplo», disse a dirigente durante o debate “Serra da Estrela – Uma Montanha de Conhecimento” promovido pelo Politécnico da Guarda a 16 de Novembro. A sessão contou também com a presença da secretária de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Maria Fernanda Rollo, que deu ainda mais uma achega para que se valorize as instituições de Ensino Superior e em particular os politécnicos. «Temos instituições superiores que nos permitem ombrear com as melhores. Os politécnicos são um orgulho para todos nós», disse a governante.
Nesta sessão foi apresentado o projecto piloto “Rede Nacional de Montanhas de Conhecimento”, uma iniciativa da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, do qual farão parte as serras de Montesinho, da Estrela e do Pico, cujos projectos foram apresentados pelo Instituto Politécnico da Guarda, Instituto Politécnico de Bragança e Universidade dos Açores.
O objectivo é fomentar estratégias para alcançar o desenvolvimento sustentado destes territórios de montanha, reforçando o seu valor cultural, científico, económico e social. O projecto voltou a ser apresentado formalmente este Sábado na Serra de Montesinho pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor. O lançamento desta rede é, como explicou o governante, a concretização de uma ideia iniciada há pouco mais de um mês, quando em Bragança, por iniciativa do Centro de Investigação de Montanha do Instituto Politécnico de Bragança, o único do país, se realizou a conferência europeia Euro Montanha. Um conjunto de parceiros europeus desafiou, então, as entidades nacionais a trabalharem para transformar Montesinho numa serra de investigação e pertencer à rede europeia da Biosfera. «A ideia é associar a estas actividades científicas outras de desenvolvimento regional, de ligação do conhecimento à valorização do território, passando, por exemplo, pelo desporto aventura, pelo turismo, e o turismo científico em particular, de forma que possamos também pôr Montesinho no mapa europeu das montanhas onde se faz investigação, onde os cientistas vão fazer pesquisa, onde os turistas vão estar em contacto com cientistas, e acreditamos que pode ser um projecto que dá uma nova centralidade a Portugal no espaço europeu», concretizou. A rede não tem um orçamento, sendo que o desafio é cada um dos membros «desenvolver ideias, o conceito, preparar propostas» para serem candidatas a financiamento.
Centro de Ciência Viva na região
Na discussão no Politécnico da Guarda, a secretária de Estado do Ensino Superior desafiou os territórios de montanha a desenvolverem projectos em rede, potenciando o conhecimento científico e o seu papel em torno das próprias populações. Um dos desafios da governante dirigido aos autarcas foi para que se associem na criação de um Centro de Ciência Viva neste território. «Vai ter que acontecer aqui um Centro de Ciência», defendeu Maria Fernanda Rollo. A secretária de Estado evidenciou que se deve olhar para a Serra da Estrela «como um laboratório vivo» com os quais «se tem de aprender».
A participação na “Rede Nacional de Montanhas” é mais um argumento para a candidatura da Serra da Estrela a Geopark da Serra da Estrela. O processo de candidatura está a ser liderado pela Associação Geopark Estrela, sedeada no Politécnico da Guarda. A Associação tem como parceiros a Universidade da Beira Interior, o Politécnico da Guarda e nove municípios da Serra da Estrela.