Provincianismo


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Denominam de província às zonas territoriais longe da capital, geralmente às mais interiores. Chamam de provincianos os seus habitantes com hábitos característicos. Sabemos que a generalização é, felizmente, uma falácia, talvez a maior de todas, e nem todos os que vivem no Interior têm hábitos comuns e pensamento fronteiriço.
Sair é sempre bom para se ver melhor quando se volta, saírmos de nós, empurrarmos barreiras e deixarmos que caiam panos que escondem o mundo. Deixar entrar o outro e não ter medo de crescer, ser humilde para aprender a ser melhor.
Tenho observado muitas atitudes provincianas, não nos habitantes característicos do Interior, mas naqueles que se querem destacar. Confundem evolução com destaque e afundam-se na sua pequenez. Perdem a noção a tentar ganhar a aprovação de quem está em cima. Venera-se qualquer coisa que alumie como que a um Deus Sol, esquecendo-se que toda a luz artificial se paga. Quem lhes ensinará que a luz de dentro se cultiva pelo pensamento solitário, pela humildade da sombra, pelo afeto e partilha, pela ajuda e dádiva, pelo degrau inferior?
Ser provinciano não é viver no Interior, é ser pequeno. E é-se pequeno independente de diplomas, cargos, viagens ou dinheiro. É-se pequeno quando se tenta agradar para se subir ao olhar dos que queremos que nos olhem, é-se pequeno quando se tem que se mostrar aquilo que queremos ser para se tentar ser, é-se pequeno quando tem que se provar existência e proferir “améns” a profetas duvidosos, é-se muito pequeno quando tem que se anular o outro para nos mostrarmos.
Talvez haja provincianos em todos os territórios, mentes provincianas com falta de conteúdo e vontade de evolução. As suas atitudes características revelam-se quando provam um licor que sabe a poder, que até pode ser contrafeito que eles bebê-lo-ão como elixir divino promotedor da eterna juventude e imortalidade. Haja crenças suficientes para as falsas promessas os levarem a orações e os iludirem pelos trilhos silvestres que um dia os irá levar a alcançar o tão prometido paraíso, que viram num panfleto em língua inglesa e, que por isso, é de confiar.
Nas palavras de Álvaro de Campos termino:
“Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?“