Quercus alerta para perigos de exploração espanhola de urânio em zona raiana
A associação ambien-talista Quercus alertou esta semana para os perigos para a saúde pública e o ambiente que representa um projeto de exploração de urânio, a céu aberto, na província espanhola de Salamanca, numa zona fronteira com Portugal.
Contaminação de rios, aquíferos, solos e ar com partículas radioativas, além do risco de doenças respiratórias e oncológicas, são alguns dos «sérios perigos» apontados à Lusa por Nuno Sequeira, membro da direção nacional da Quercus – Associação Nacional da Conservação da Natureza.
Face aos riscos, a Quercus entende que o governo português deve pedir esclarecimentos ao congénere espanhol e manifestar a vontade de participar na discussão pública do projeto, uma vez que, adiantou, se trata de três áreas de exploração de urânio a céu aberto, situadas a 20 a 100 quilómetros de Portugal, de localidades dos distritos da Guarda e de Bragança.
Confrontado pela Lusa com o assunto, o Ministério do Ambiente indicou que solicitou uma atualização da informação à Agência Portuguesa do Ambiente.
Populares e ambientalistas de Boada, em Salamanca, pediram na passada Segunda-feira aos portugueses, residentes em zonas fronteiriças próximas, que os ajudem a travar o projecto de exploração de urânio, previsto para o território de Retortillo/Villavieja.
Segundo o secretário da plataforma espanhola Stop Uranio, José Sánchez, é um território «muito próximo» de uma das entradas do Parque Natural do Douro Internacional. O ambientalista disse que «há dois cursos de água que atravessam o território onde vai ser instalada a exploração mineira de urânio, que vão desaguar no rio Douro, junto ao território de Saucelle (Espanha) e Freixo de Espada a Cinta (Bragança), a jusante da barragem espanhola de Saucelle».
Para o dirigente da Quercus Nuno Sequeira, «os impactos negativos são muito grandes», não só para o ambiente e a saúde, mas também para a agricultura e o turismo. «[O projeto] é incompatível com o desenvolvimento do interior de Portugal”, sustentou, assinalando que os resíduos de urânio «são dos mais perigosos».
De acordo com documentos a que a Lusa teve acesso, a instalação mineira conta com Declaração de Impacto Ambiental favorável, aprovada pela Conselharia de Fomento e Meio Ambiente da Junta de Castela e Leão, com data de 8 de Outubro de 2013.