Quercus preocupada com efeitos dos incêndios de Manteigas

A associação ambiental Quercus manifes-tou-se «preocupada» com os incêndios que no último fim de semana afectaram o Parque Natural da Serra da Estrela, na zona de Manteigas nomeada-mente junto ao Vale Glaciar do Zêzere. Numa nota enviada à imprensa, a Quercus realça que o incêndio que teve início Domingo ao início da tarde em S. Pedro de Manteigas, junto à Vila de Manteigas e «terá afectado uma área de cerca de 200 hectares de floresta dominada por pinhal com carvalhos alvarinhos, no limite da Reserva Biogenética do Conselho da Europa». A associação refere que «o grande perímetro da área ardida e o relevo acidentado, causa preocupação devido ao risco de reacendimentos» defendendo por isso «uma vigilância activa dos operacionais no terreno».
A Quercus está a desenvolver o projecto Life Taxus também em áreas do vale glaciar do Zêzere, com o objectivo de recuperar o habitat prioritário 9580* – Florestas mediterrânicas de Taxus baccata, no único local onde ocorrem teixos na Serra da Estrela e as medidas de gestão implementadas «também ajudam a defender do fogo as áreas de teixo, contudo, considera-se fundamental que qualquer reacendimento seja prontamente combatido para o fogo não alastrar para as áreas prioritárias de conservação».
O outro incêndio que deflagrou na freguesia de Sameiro também afectou o Sítio de Importância Comunitária da Serra da Estrela. A Quercus alerta que «estas ocorrências que têm sido referidas como estando a acontecer em “mato” pela Autoridade Nacional de Protecção Civil, são efectivamente em áreas florestais com povoamentos, mesmo que também incidam sobre áreas de mato, situação que parece ser recorrente para desvalorizar os impactes dos incêndios».
A Quercus recorda que o último grande incêndio no vale glaciar do Zêzere, ocorreu no Verão de 2005, tendo destruído milhares de hectares do Parque Natural da Serra da Estrela. A associação espera que «a coordenação das operações integre as entidades que melhor conhecem o terreno para se evitarem problemas maiores».
O incêndio que deflagrou no Domingo na freguesia de Sameiro, no concelho de Manteigas foi dado como dominado na manhã de Segunda-feira. O incêndio começou às 09:35 de domingo e chegou a ter três frentes ativas, duas das quais dominadas durante a noite. As operações de combate chegaram a envolver mais de 300 operacionais e seis aviões. A orografia do terreno e os afloramentos rochosos que caracterizam o Parque Natural da Serra da Estrela foram as principais dificuldades encontradas no combate.
Numa nota à comunicação social, o presidente da Liga de Bombeiros Portugueses, Jaime Soares, faz referência aos incêndios de Manteigas por entender que estes fogos «desmontam» a ideia de que tem havido poucos grandes incêndios devido ao inverno e primavera chuvosos. Independentemente de todos os factores externos que possam contribuir para amenizar ou aumentar o número e a dimensão dos incêndios florestais que já ocorreram este ano, estão a ocorrer ou venham a ocorrer, o presidente da Liga evidencia a disponibilidade dos bombeiros.

Autarca de Manteigas pede intervenção para minimizar efeitos dos incêndios
O presidente da Câmara Municipal de Manteigas, José Manuel Biscaia, lamentou a «enorme perda ambiental» provocada pelos dois incêndios que deflagraram no fim de semana naquele concelho e reivindicou uma intervenção florestal no Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE). «Tenho-o dito sucessivamente: é preciso fazer uma intervenção muito concreta. Não se trata de deitar abaixo por deixar abaixo, mas efetivamente vimos verificando que as coisas não estão bem de certeza absoluta e, por isso, deixo aqui o apelo ao ICNF [Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas] e aos baldios para equacionarem um estudo de gestão e planeamento florestal que não está feito», disse José Manuel Biscaia, em declarações à agência Lusa.”O autarca defendeu que é importante «fazer um estudo e a consequente intervenção no terreno relativamente às espécies arbóreas», optando pela «gradual substituição das espécies resinosas a favor das espécies folhosas ou outras que, de alguma maneira, evitem ou pelo menos minimizem os efeitos sempre que há um incêndio». Lembrando que quando há fogos nesta zona «os impactos e perdas são incontáveis», quer em termos do património ambiental, quer nos reflexos do ponto de vista turístico, José Manuel Biscaia apelou a todos para que «tenham o máximo cuidado» no sentido de evitarem situações como as do fim de semana passado.”O autarca referiu igualmente que não acredita que os incêndios tenham tido origem natural. «É uma lástima que estas coisas aconteçam, até porque temos a sensação nítida e clara de que não terá sido por causas naturais», disse, apontando a hora e local em que os fogos eclodiram como fundamentos desta «convicção».

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