Recomendada desde 2004 a criação de um serviço de Cirurgia Pediátrica na região

Estiveram em consulta pública até ao final de Dezembro mais sete redes de referenciação hospitalar. Os documentos prevêem que os utentes da ULS da Guarda sejam referenciados para Viseu nas áreas de Anestesiologia, Medicina e Reabilitação e Medicina Intensiva e para Castelo Branco nos casos da área de Nefrologia. Um dos documentos revela que está recomendada desde 2014 a criação de um serviço de Cirurgia Pediátrica na Beira Interior.
erminou no final do mês de Dezembro o prazo de consulta pública de mais sete redes de referenciação hospitalar. Estas redes têm como objectivo estabelecer sistemas hierarquizados que promovam a satisfação das necessidades em saúde aos mais variados níveis, desde o diagnóstico e terapêutica. Tendo em conta que nem todas as unidades hospitalares dispõem de meios e recursos para diagnosticar e tratar todas as patologias, as redes estabelecem os circuitos que devem garantir a devida assistência aos doentes. No caso dos utentes da Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda, nas redes que recentemente estiveram em consulta pública, está estabelecido que nas áreas de Anestesiologia, Medicina Física e de Reabilitação e Medicina Intensiva sejam referenciados para o Centro Hospitalar Tondela/Viseu. E no caso de Nefrologia deverão continuar a ser recaminhados para a ULS de Castelo Branco.
No documento sobre Anes-tesiologia é realçado o facto de nunca se ter dado andamento a uma recomendação para que seja criado um serviço de Cirurgia Pediátrica nesta região. O texto refere que as direcções dos Colégios de Cirurgia Pediátrica, Cirurgia Geral e Anestesiologia emitiram, em Maio de 2014, uma recomendação onde se refere a necessidade da criação de Unidades de Cirurgia Pediátrica em algumas cidades e na região da Beira Interior «mas sem qualquer desenvolvimento até ao presente» . Os especialistas defendem a necessidade de criar esta valência «para se poder com a devida proximidade, atender a população pediátrica, de forma atempada, e com os profissionais mais adequados».
Os peritos defendem que os serviços de Anestesiologia devem existir em todas as instituições de saúde, recomendando que sejam autónomos, independentes e únicos por instituição hospitalar. Os serviços de Anestesiologia das instituições de Saúde de menor dimensão «com parcos recursos humanos e com menor massa crítica, devem procurar criar parcerias com os Serviços de Anestesiologia das Instituições de Saúde de maior dimensão com vista a possibilitar intercâmbios profissionais e/ou maior acessibilidade à atualização médica contínua». E acrescentam que «a contratação avulsa de recursos para colmatar horas/turnos sem integração no Serviço de Anestesiologia constitui um erro estrutural com consequências nefastas para a boa gestão clínica, como modelos actuais evidenciam».
Em Medicina Física e de Reabilitação, a proposta de referenciação defende que no caso das Unidades Locais de Saúde nomeadamente aquelas que possam corresponder à área territorial do distrito «é desejável que evoluam para unidades do Grupo II, desde que cumpram os critérios» aplicando-se o mesmo princípio ao Centro Hospitalar da Cova da Beira «pelas circunstâncias particulares que apresenta». Citando os rácios preconizados pela Organização Mundial de Saúde, o documento considera que «por cada 100.000 habitantes devem existir 3 a 5 médicos fisiatras, 10 a 15 fisioterapeutas, 3 terapeutas ocupacionais e 0,25 terapeutas da fala.».
Na proposta de rede para a Medicina Intensiva, os especialistas reconhecem que em Urgência e Emergência, na região Centro há algumas dificuldades de implementação na realidade, «já que, apesar de ser considerado um ponto de rede polivalente, o Centro Hospitalar Tondela Viseu carece de Neurocirurgia 24h/365 dias, pelo que os doentes com lesão aguda do sistema nervoso central, espontânea ou traumática, continuam a ser referenciados ao Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. «A maioria dos serviços de urgência, preferem a referência para o CHUC, embora, para algumas valências, a ULS Guarda drene para o CHTV». Na projeCção do horizonte 2020 os especialistas referem que «será admissível a criação de mais 60 camas» de nível II e de mais 13 camas de nível III entre Janeiro de 2018 e 2020. Na ULS da Guarda há 8 camas de nível III e nenhuma de nível II. Os peritos defendem a promoção de progressiva valorização do CHTV de «modo a que possa vir a constituir polo de referenciação secundária e secundária neurocrítica para a ULS da Guarda e para o Centro Hospitalar da Cova da Beira, diminuindo a pressão sobre o CHUC e melhorando tempo de acesso em patologia em que tempo (…) é vida».
Na rede de Nefrologia, os especialistas defendem que na região deve ser mantida a actual referenciação. O hospital de destino dos doentes da ULS da Guarda e do Centro Hospitalar da Cova da Beira vai continuar a ser a ULS de Castelo Branco que drenará, em caso de necessidade, para Coimbra. Os peritos defendem que o serviço de Castelo Branco deverá «ver reforçada a sua equipa médica para atingir o ratio nacional, dadas as múltiplas funções e elevada diferenciação, estando previsto o reforço da assistência à área mais a norte do distrito de Portalegre».