Refugiados acolhidos em Gouveia partiram para a Alemanha

Menos de uma semana. Foi este o tempo que uma família síria, constituída por mãe, pai e cinco filhos, se manteve na Reencontro – Associação Social, Educativa e Cultural de Vila Nova de Tazem (Gouveia), uma das duas entidades do distrito da Guarda que constam da lista das que irão receber refugiados.
A situação não é de todo invulgar em Portugal. Dados de Dezembro último apontam que cerca de 20 por cento dos refugiados acolhi-dos acabaram por sair, a maioria para a Alemanha. Foi precisamente este país o escolhido pela família síria, chegada a Vila Nova de Tazem a 24 de Janeiro, a primeira a ser acolhida por aquela instituição.
«Eles tinham dito que teriam que ir a Lisboa tratar de uma situação, mas depois nós confirmámos que na Segunda-feira [30 de Janeiro] eles tinham decidido seguir para a Alemanha», onde têm familiares, revela o directora, Laura Costa, ressalvando que «eles têm autorização para circular livremente no país».
A ideia de que «Portugal é um cais de chegada e um cais de partida» tem vindo a ganhar cada vez mais consistência. «O trabalho no terreno da PAR [Plataforma de Apoio aos Refugiados, que promove o acolhimento de famílias por instituições] já evoluiu na percepção de que realmente muitas vezes uns ficam mas muitos são os que partem», afirma a directora, destacando que «o senhor presidente da República [Marcelo Rebelo de Sousa] também disse que Portugal, como um país de acolhi-mento, deve ter como objectivo dar-lhes as melho-res condições, proporcionar-lhes também alguma calma para eles decidirem o futuro». «Eles não são prisioneiros, têm liberdade para decidir sobre a sua vida», evidencia.
«Eu falei com os colegas da PAR, e na altura ficámos um bocado surpresos neste processo, e o que nos disseram foi que eles passam uma travessia, depois estão meses há espera de saída – esta família estava desde Março na Grécia, sem conseguir perceber porque estava a demorar tanto tempo, porque havia outras famílias que saíram mais rápido – e claro que vão tentando naquele espaço de tempo reorganizar-se, e a partir do momento em que os outros países, nomeadamente a Alemanha, fecha fronteiras, eles passam doutra maneira», justifica Laura Costa. «Sabemos que a Alemanha é um país bastante apelativo para todas as comunidades, e eles decidi-ram seguir em frente», reforça.
O caso causou alguma surpresa porque, garante a dirigente, «foram bem acolhidos e a comunidade foi fantástica, até mesmo por parte daquelas pessoas que na primeira fase estavam com alguma relutância foi extraordinário o acolhi-mento». «Nós assinámos o protocolo mas o projecto foi assumido pela comunidade toda, desde o donativo de bens, roupas, alimentos, ajuda nas obras que foi necessário fazer na casa, foi extraor-dinário», reafirma.
Mediante esta mobiliza-ção da comunidade, «que realmente reconheceu que, se calhar, apesar de ser uma pequenina podia ter um papel importante neste projecto de paz», a Reencontro decidiu comunicar à PAR que se encontra «disponíveis para esta família, porque tem liberdade para regressar ao território, caso assim o entenda, no prazo de um mês, e se ela voltar é acolhida na mesma, se não voltar nós continuamos com o projecto de acolhimento em aberto para outra família que queira estar connosco», conclui Laura Costa.
GM

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