Relatório e Contas de 2015 da Águas de Lisboa e Vale do Tejo mereceu a abstenção dos municípios que integravam a extinta Águas do Zêzere e Côa

A Assembleia Geral da Águas de Lisboa e Vale do Tejo, que tem sede na Guarda, aprovou o relatório e contas do exercício de 2015, que tem um resultado líquido de 15,1 milhões de euros. O documento mereceu a abstenção, por parte dos autarcas dos municípios que integravam a então Águas do Zêzere e Côa – AZC (que veio em Junho a fazer parte do novo sistema que agrega oito empresas), com a justificação de que querem ver resolvido o acordo formalizado com a AZC.
Um dos problemas que os autarcas da ex-AZC querem ver resolvido é a homologação do acordo feito, em meados do ano passado, com a empresa, em que seriam “perdoados” 19,6 milhões de euros da dívida do saneamento, que é uma espécie de compensação de parte dos prejuízos causados pelo facto de a Covilhã ter ficado de fora do sistema multimunicipal, levando à alteração dos pressupostos iniciais e agravando os encargos a suportar por cada um dos municípios. Isto mesmo disse o presidente da Câmara da Guarda, Álvaro Amaro, acrescentando que para o município que preside serão menos quatro milhões de euros.
Na opinião de Manuel Fernandes Thomaz, vice-presidente da Águas de Portugal (AdP), é «natural» a tomada de posição dos autarcas, uma vez que «há um conjunto de dossiers que vinham de trás, das empresas anteriores, que estão neste momento em resolução mas que ainda não estão totalmente resolvidas, demoram o seu tempo». «Comparativamente com o que se passou noutras assembleias nesta mesma casa em que houve até votos contra dos municípios, creio que a abstenção é uma boa evolução e é, apesar de tudo, um acto de confiança em que há vontade em resolver os problemas mas, por outro lado, reconhecendo que esses problemas ainda não estão totalmente resolvidos», afirmou, ao “Terras da Beira” e à RA o vice-presidente da AdP.
«A nossa responsabilidade é trabalhar juntamente com os autarcas no sentido de ir resolvendo os problemas para que daqui a um, dois ou três anos, todo este capital de queixa que ainda existe possa dissipar-se», referiu aquele responsável. «Nós temos a consciência que este processo de agregação não se consolida em meses, é preciso dar tempo ao tempo para estas estruturas se organizarem», salientou Manuel Fernandes Thomaz.
O vice-presidente da AdP acrescentou que ouviu da parte dos autarcas «mensagens elogiosas em relação ao trabalho que sido feito, mas reconhecendo que ainda há muito por fazer». Admitiu que tem havido alguma contestação dos municípios do Litoral «porque não estão a ver muitas vantagens neste processo», relembrando que o processo de reestruturação teve como principal objectivo a coesão territorial e a harmonização tarifária.
Manuel Fernandes Thomaz ressalvou que os consumidores só irão sentir essa redução no tarifário quando os municípios assim o decidirem. «Caberá agora às autarquias decidir o que querem fazer com estes abaixamentos de tarifa, se querem reflecti-los nos respectivos munícipes ou se querem utilizar, por exemplo, para diminuir nos prejuízos que têm nas suas próprias actividades de distribuição de água».
Quanto ao futuro da LVT, o vice-presidente da AdP espera que, «qualquer seja a orientação, se preserve aquilo que de bom se fez e, acima de tudo, que se mantenha a preocupação da sustentabilidade dessas operações que são essenciais para as populações que serve».
O autarca da Guarda também espera que não venha ser colocada em causa aquilo que é «a grande virtualidade desta reforma», que é a harmonização tarifária entre o Interior e o Litoral.
Álvaro Amaro informa que a Câmara da Guarda começará no próximo ano a fazer repercutir «nos bolsos dos contribuintes esse abaixamento», que será feito de forma gradual durante os próximos anos.

LVT com lucros de 15,1 ME em 2015
No documento aprovado na passada semana, que mereceu a abstenção dos autarcas dos municípios que integravam a então AZC, é reflectido que o investimento da Águas de Lisboa e Vale do Tejo (LVT) foi de 37 milhões de euros, sendo que a dívida de clientes reduziu cerca de 30 milhões de euros. «O ano de 2015 ficou também marcado pela redução do endividamento da LVT em cerca de 70 milhões de euros», salienta uma nota à imprensa. O endividamento da LVT resulta da soma das dívidas herdadas, relativas às empresas extintas e agregadas nesta nova empresa multimunicipal.
Fonte da empresa disse ao TB que, por sugestão da Águas de Portugal, a votação dos últimos pontos da ordem de trabalhos da reunião, que decorreu na Guarda, foi adiada para Maio, nomeadamente o orçamento, plano de atividades para 2016 e a aplicação dos resultados.
O super-sistema da LVT foi criado em 30 de Junho do ano passado, abrangendo 99 municípios e juntando na mesma empresa a EPAL(Empresa Portuguesa de Águas Livres), como accionista maioritária, à Águas do Centro, Águas do Oeste, SIMTEJO, SANEST, SIMARSUL, Águas do Norte Alentejano, Águas do Centro Alentejo e a Águas do Zêzere e Coa.
A nível nacional, a reestruturação do sector das águas, levada a cabo pelo Governo PSD/CDS-PP, que agregou sistemas de abastecimento de água em alta, levou à fusão de 19 sistemas multimunicipais em apenas cinco empresas (Águas do Norte, Águas do Centro Litoral, Águas de Lisboa e Vale do Tejo e as já existentes Águas do Alentejo e Águas do Algarve).
GB

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