Restauro da locomotiva 294 e respectivo “tender” (vagão reboque) poderá custar mais de 21.600 euros, que deverão ser suportados pela Câmara da Guarda
Deverá ser na madrugada do próximo Sábado que a locomotiva CP 294 será transportada de Gaia para a Guarda, para posteriormente ser colocada na Rotunda de S. Miguel junto ao Parque Urbano do Rio Diz. Segundo a CP, a operação de movimentação da locomotiva «será feita durante a noite com interrupção da linha geral na estação de Vila Nova de Gaia para que a locomotiva 294 e o “tender” [vagão-reboque] sejam rebocados, acompanhados pela equipa dos Comboios Históricos da CP para a linha de estaleiro da DST», empreiteiro das obras que actualmente decorrem no local.
Como o TB já tinha noticiado, inicialmente estava prevista vir para a Guarda uma locomotiva a carvão (CP 1505), idêntica à que está instalada em Vilar Formoso, mas foi destinada para outra autarquia. Posteriormente foi colocada a hipótese de ser uma diesel (CP 1453), mas saiu gorada essa solução. O ano passado, ainda durante a presidência do social-democrata Carlos Chaves Monteiro, ficou acordado com a Fundação do Museu Nacional Ferroviário (FMNF) que seria cedida à autarquia, em regime de comodato, uma locomotiva a vapor datada de 1913.
O restauro da locomotiva 294 e respectivo “tender” (vagão reboque) deverá ultrapassar os 21.600 euros em materiais. É esta a estimativa de custos apresentada pela FMNF, que surge anexada ao acordo aprovado pela autarquia, em Março do ano passado, e que o TB divulgou.
Na altura, o então presidente da Câmara, Carlos Chaves Monteiro, assegurou que a autarquia só tem que assumir a deslocação de Vila Nova de Gaia, onde se encontra parqueada, para a Guarda, bem como a sua requalificação e colocação na rotunda. Para além disso, assume o compromisso das despesas de manutenção e conservação da máquina, devendo contratualizar um seguro.
A cedência da locomotiva vigora pelo prazo de 20 anos, a contar da data da assinatura do acordo, sendo automaticamente renovável por períodos de cinco anos.
O Município refere no acordo que a concretização deste projecto vai de encontro à candidatura da Guarda a “Capital Europeia da Cultura”, «onde a importância da ferrovia para a cidade da Guarda, bem como para toda a região em que esta se insere, assume, quer enquanto infraestrutura potenciadora do desenvolvimento, quer pelo seu já longo passado e história, um papel agregador das memórias colectivas de várias gerações».
Como é referido no documento a que o TB teve acesso, o projecto de restauro da locomotiva é da responsabilidade da FMNF mas a autarquia fica obrigada a adquirir «os serviços necessários» à sua execução.
De acordo com a estimativa de custos apresentada pela FMNF, o restauro da locomotiva ultrapassará os 13.800 euros em materiais, enquanto que o “tender” ascende os 7 mil 700 euros. No total serão cerca de 21.600 euros em materiais.
A rotunda, onde será colocada a locomotiva, e a zona envolvente custou aos cofres do município cerca de 350 mil euros, tendo a obra sido adjudicada à empresa António Saraiva e Filhos em Janeiro de 2018.
Em entrevista ao TB, o ano passado, o actual presidente da Câmara da Guarda, Sérgio Costa, disse que a obra da rotunda «tem que ser acabada de alguma forma para não ser um, “mamarracho”, como diz o povo», admitindo que também tem «responsabilidades naquela obra».