Rotas de emigração

A jovem que se cruza comigo no corredor dos congelados de um supermercado da capital, traz ao peito um crachá de apoio a Lula da Silva.

As eleições são lá longe, do outro lado do Oceano Atlântico, onde à semelhança de milhares de portugueses, também manteiguenses se estabeleceram e formaram famílias, há décadas.

Nunca me acontecera cruzar, dentro de portas, com uma campanha eleitoral de outro país!

O momento, fugaz, traz-me, contudo, recordações de momentos eleitorais, para orgãos políticos nacionais, vividos em França.

Aí, rodeado de emigrantes, percebi a razão porque muitos não manifestavam interesse em fazer uma deslocação de quilómetros, ao consulado, para exercer esse direito. Primeiro porque havia quem desconhecesse a forma como podiam exercer esse direito e logo depois porque ali não chegavam os apelos e os programas políticos dos partidos e candidatos que a elas concorriam!

O mundo, no entanto mudou! E hoje, ainda que não exista uma secção de voto em praticamente cada localidade, a vontade de participar, na escolha pelo voto, é garantida de uma forma mais simples, tendo eleitores e eleitos, na internet e redes sociais, uma ajuda à divulgação do que pretendem fazer em prol daqueles a quem demandam o voto.

O crachá de apoio a Lula é um desses sinais dos tempos, ainda que numa divulgação clássica de campanha eleitoral, num Portugal onde tantos brasileiros se radicaram para encontrar melhor forma de vida, apesar de o seu Brasil ser um país enorme e rico!

Uma enormidade tal, que, como nos ensinaram na escola, ganhava às 14 vezes que o nosso país cabia em Angola!

A mesma Angola de onde muitos dos meus familiares partiram procurando o aconchego e a segurança dada por outros primos que por terras de Vera Cruz já antes se tinham aventurado, desde jovens, quando a revolução os levou a abandonar África.

Do lado de cá do mar, a jovem fez-me pensar na emigração de uns e de outros! Dos que para lá foram há décadas e lá ficaram, porque aqui não havia grande perspetiva de futuro e daqueles que, de lá, fazem o caminho contrário na esperança de encontrar, aqui, uma vida melhor.

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