Semeadores de ilusões …amargas

Os economistas anglo-saxónicos usam a expressão mercado dos limões (market for lemons) para designar os enganos que os mercados e, claro, os governantes nos vendem como coisa boa, mas que são ilusão amarga e até perigosa. Perguntando-se por fim se compraríamos um carro usado a tal vendedor.

Vimos isso na semana passada quando fomos confrontados com o fecho generalizado de maternidades de norte a sul por falta de obstetras e ginecologistas, mas que os governantes que provocaram a situação disseram ser gerível e, por isso, controlável. Mas, vimos agora que não o era. Antes, António Costa foi semeando sucessivas ilusões para que não nos preocupássemos com o real amargo, aquele com que as mães e os pais e, até, os avós e demais amigos do casal se confrontaram.

Tudo se transformou numa discussão em que a Ministra da Saúde foi considerada culpada de uma situação com muitos construtores, qual deles o mais irresponsável. É esta o resultado de muitas medidas políticas vesgas dos partidos do bloco central, que nunca olharam bem para os problemas do Serviço Nacional de Saúde. Só os agravaram.

Só quiseram poupar nos anéis já que eram os da Finança mal-amanhada que sucessivos Governadores do Banco de Portugal nunca quiseram controlar, levando assim muitos bancos à insolvência e, pelo menos, um banqueiro ao suicídio.

Não somos o único país em que o primeiro ministro agrava os problemas. Queixam-se os Britânicos de Boris Johnson, homem das festas clandestinas em Downing Street, que foi salvo in extremis da sua destituição. Em França, é o Presidente Emmanuel Macron que agora se vê enrascado pois não obteve maioria absoluta, que é aquilo que entre nós salva por enquanto António Costa de problemas. E isso é problema para todos nós, que nos defrontamos todos os dias com o empobrecimento geral, que vemos claramente nas ruas das cidades e aldeias do nosso País. Mas, Costa e Rio já tinham antes criado o problema da delegação de competências nas autarquias para que o Estado Central possa alijar parte dos custos com a Saúde, Educação e outros aspetos da vida pública.

Bem pior é a situação vivida nos Estados Unidos, onde o assalto ao Capitólio mostrou como a Democracia já não é por lá um sistema respeitado e acatado. Assistimos por isso a uma discussão fraturante entre Republicanos e Democratas enquanto assistimos a um massacre continuado de americanos, e só porque alguns acham que têm o direito de usar armas sem restrição. E ser contra isso parece unir Republicanos e Democratas por enquanto.

A somar a tudo isto, a recessão nos Estados Unidos é uma possibilidade que pode marcar o devir da Economia Americana e, assim, Joe Biden pode ter importantes perdas eleitorais pois os americanos não confiam na sua capacidade de inverter a situação.

Complicando tudo, a União Europeia promete agora acelerar o processo de adesão de diversos países candidatos, acenando com o estatuto de candidato à Ucrânia como forma de animar Volodymyr Zelenskyy na luta contra a Rússia. Mas quanto a isso, os líderes da Macedónia do Norte e da Albânia deixaram duras críticas à União Europeia depois da cimeira dos 27 com os países dos Balcãs Ocidentais. De facto, já têm estatuto de candidatos, mas as negociações ainda nem sequer começaram.

Não admira que Vladimir Putin atribua a crise económica mundial às “ações tolas e egoístas de certos Estados, que, usando mecanismos financeiros, passam para o mundo inteiro os custos dos seus próprios erros de política macroeconómica”, fazendo desta forma uma clara alusão aos Estados Unidos e à União Europeia. Informa o Diário As Beiras de 24 de Junho de 2022, p. 22.

E, assim, os nossos problemas sociais e económicos vão continuar.

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