Sentimento de um ocidental

Mais que um país. Mais que uma língua ou religião. Mais que uma área geográfica. Estamos irmanados por valores.

A escolha entre a Prepotência e a Resistência, a força e a Razão. O Opressor e o Oprimido; é simples e clara para um “ocidental”.

O Ocidental na formulação de Henrique Monteiro (in Expresso, 19/03/22) acredita no direito “natural, os direitos inalienáveis de cada ser humano, é a base de tudo”.

Odd Arne Westad, na sua obra “A Guerra Fria; Uma História do Mundo”, refere “Os lideres Russos acreditam que as sociedades “antigas”, baseadas nas identificações locais de deferência social e na justificação do passado estão mortas”. “A ideologia soviética transformou o estado numa máquina que funciona(va) para a melhoria da Humanidade”.

De facto, uma das surpresas de Putin foi a reação da Nação Ucraniana – Povo a uma só voz.

Putin, todos os ditadores, têm outra pauta de valores, entendem que os direitos são propriedade do estado, são benesses para apaniguados.

O mesmo se aplica para estados e povos- só conhecem os subservientes. Nunca conhecerão a liberdade, autonomia e soberania.

Também no ocidente há adeptos – que temos que tolerar e respeitar (a democracia é isto mesmo!) – e correias de transmissão (vassalos nas palavras de Sérgio Sousa Pinto /18/03/2022) dos valores do estado como ente supremo.

Há ainda no ocidente– e tantos têm sido!- os que de forma interesseira toleram os desmandos e provocações, múltiplas vezes repetidas nas nossas barbas, contra povos indefesos com elevadíssimos custos económicos, sociais e em vidas humanas.

Demasiado repetido, e grave, para assistirmos com tranquilidade e um encolher de ombros.

Na formulação de Durão Barroso (in Público,18/03/22) “Fomos complacentes com Putin”. Putin e não só, digo eu.

A liderança firme de Volodymyr Zelensky, ao fazer fortes “até os fracos”, líderes europeus, a destruição, o sofrimento humano – mais de 7.000.000 de deslocados e mais de 3.000.000 de refugiados.

Acordou os ocidentais do seu sono letárgico. O sofrimento humano e socioeconómico vai ser largo e fundo. Vai perdurar no tempo, principalmente para os Ucranianos mas também para nós. Os valores em confronto valem o esforço. Não há opção. A derrota da Ucrânia é também a nossa derrota. A humilhação da Ucrânia é a humilhação de todos nós.

Da Ucrânia vem o mote “Churchiliano” – “ Nunca nos Rendemos !”

Volodymyr Zelensky dá a receita. Pedido justo e realizável:

  1. mais apoio militar; b) mais sanções; c) um futuro melhor integrado na Europa.

Gaston Ash, dá o prognóstico – “A Ucrânia pode ganhar !”

A Europa, todos nós, podemos aproveitar- já agora que estamos acordados- para pensar um pouco mais no Ser em detrimento do ter.

Pensar na auto-suficiência em bens alimentares, industriais, tecnológicos e energéticos com sustentabilidade ambiental. Pensar também (obviamente) as funções de soberania – segurança e defesa. E sempre com tolerância, democracia e liberdade.

Liberdade, a essência da Europa, nas palavras de Eduardo Lourenço.

Palavras dos outros:

“…/Quando veio a guerra/…/Os homens tornaram-se homens/…/As mulheres agarraram-se aos seus homens/…/As mulheres agarraram-se às crianças/…/As mulheres agarraram-se às suas lágrimas/…/E as mulheres agarraram-se ao SILÊNCIO”, Jacques Brel, maio de 1940, invocando a invasão da Bélgica

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