Só metade dos doentes de AVC é que são admitidos nos hospitais através da Via Verde

Assinala-se esta Quinta-feira o Dia Naciona ldo Doente de AVC (Aci-dente Vascular Cere-bral). Esta patologia é das principais causas de morte em Portugal. Recentemente, a Unidade Local de Saúde da Guarda aderiu à Via Verde de AVC regional, centralizada em Coimbra, permitindo melhorar as condições de tratamento dos doentes. Mas ainda há falta de informação e mais de metade dos doentes não chegam aos hospitais através da Via Verde, canal que pode agilizar o acesso ao tratamento.
O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) já encaminhou este ano através da Via Verde AVC (Acidente Vascular Cerebral) seis doentes do distrito da Guarda, conforme consta das estatísticas daquele organismo. E no ano passado o INEM referenciou 43 vítimas. Só que as estatísticas demonstram que menos de metade dos doentes admitidos nas Unidades de AVC é que são encaminhados através da Via Verde. De acordo com a Direcção Geral de Saúde a média dos últimos três anos aponta para que apenas 43 por cento sejam encaminhados através da Via Verde.
Recorde-se que a Unidade Local de Saúde da Guarda aderiu recentemente à Via Verde AVC regional centralizada no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC). Com a adesão da ULS da Guarda ficou fechada a rede que inclui os sete hospitais da região Centro ligados ao CHUC.
Com esta rede «todos os doentes da região Centro passaram a poder beneficiar das mesmas condições de tratamento do que os doentes de Coimbra ou de outra grande cidade», assegurou o presidente do Conselho de Administração do CHUC, Martins Nunes quando foram assinados protocolos de cooperação entre aquela unidade de saúde e a ULS da Guarda. O projecto compreende a teleconsulta, através da qual «se consegue fazer um bom exame ao doente percebendo os danos do AVC», esclareceu Gustavo Cordeiro do Serviço de Neurologia do CHUC. O doente só será transportado para Coimbra quando a situação clínica o justificar. Em cada 10 doentes, cinco não serão transportados. O médico sublinha que o método permite poupar custos, recursos, dá maior comodidade ao doente e retira pressão aos hospitais centrais. De acordo com o protocolo definido, o transporte dos doentes dos hospitais do litoral deverá ser feito por ambulância e no caso dos hospitais do interior está previsto também o helitransporte.
Ligar o 112 é o passo certo
A coordenadora do Núcleo de Estudos da Doença Vascular Cerebral da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, Maria Teresa Cardoso, defende que «impõem-se planos de reestruturação da urgência e das redes de referenciação do AVC» e «uma actualização das condições de funcionamento das unidades de AVC e da respectiva hierarquização para efeitos de referenciação, para que o doente certo vá para o centro certo». «De facto está a começar uma nova era no tratamento do AVC agudo e para o maior número de doentes beneficiar dela, é preciso encurtar o tempo desde o início dos sintomas até à realização da terapêutica de reperfusão. Reconhecer o AVC e ligar o 112 é o passo certo nesse sentido», observa a internista.
O relatório da Direcção Geral de Saúde relativo a 2013 mostra que embora o número tenha vindo a diminuir, morreram mais de 30 pessoas por dia devido a doenças cerebrovasculares. Em 2013 morreram 11751 pessoas, 1773 das quais por AVC hemorrágico e 6099 por AVC isquémico, o que traduz uma «diminuição de 1269 mortes comparativamente a 2012, ano em que a mortalidade total por doenças cerebrovasculares se cifrou em 13020 casos», mantendo-se no entanto acima da média europeia. Nos últimos anos ocorreu uma redução expressiva do número de óbitos por doença vascular cerebral em Portugal. Também a mortalidade intrahospitalar por AVC isquémico tem vindo a diminuir, apesar de cada vez se morrer mais no hospital e menos no domicílio.
Elisabete Gonçalves
elisagoncalves.terrasdabeira@gmpress.pt