«Tentativa de politizar a nomeação» atrasa sucessão na presidência da Cruz Vermelha da Guarda

«Houve a tentativa de politizar a nomeação do presidente por pessoas que não conhecem os estatutos da Cruz Vermelha e tentaram por meios não normais que este lugar fosse ocupado por alguém com cariz político». A revelação é de Antunes Garcia, o sucessor de Maria do Carmo Borges na presidência da Delegação da Guarda da Cruz Vermelha, que deverá tomar posse muito em breve, um ano depois do estabelecido nos estatutos.
Além desta «causa mais melindrosa», sobre a qual prefere não revelar pormenores, o atraso deve-se ao facto do «Conselho de Curadores ter demorado quatro ou cinco meses a constituir-se, e são eles que numa forma de consenso têm que propor à sede nacional o futuro presidente». «O presidente das delegações não é escolhido nem nomeado de uma forma arbitrária. É escolhido por um Conselho de Curadores que entre eles têm que deliberar qual é a pessoa indicada para desempenhar essas funções. Esse nome será posteriormente proposto à Direcção Nacional, a quem cabe a última palavra», explica Antunes Garcia, destacando que «neste caso concreto [da Delegação da Guarda] as coisas não demoraram o tempo que é habitual».
«O Conselho de Curadores tem mandatos de quatro anos e terminou o seu na mesma altura do mandato da direcção, em Fevereiro [2016]. Este Conselho às vezes é reencaminhado novamente, mas neste caso demorou mais tempo a formar porque havia dois ou três elementos que tinham falecido e nem que quisessem reconduzir os anteriores não era possível. Só ficou composto em Junho, altura em que os nomes propostos foram aprovados pela direcção nacional», esclarece.
Foi precisamente este Conselho de Curadores que escolheu Antunes Garcia para presidente da Delegação da Guarda da Cruz Vermelha. Mas não houve unanimidade.
«Habitualmente há sempre um consenso (chamam-lhe consenso mas na prática é unanimidade) de 100 por cento, neste caso, segundo julgo saber, havia 9 elementos a favor e uma discordância, uma única pessoa, por razões que desconheço, que criou algum obstáculo. Perante isto teve que ir à aprovação da direcção nacional, que considerou que isto estava mais que resolvido porque se havia 9 elementos do Conselho de Curadores que apostavam numa pessoa, não era por causa de um elemento que essa pessoa não ia tomar posse», explica Antunes Garcia.
«Tudo isto levou meses e só a 11 de Novembro é que recebi a deliberação do presidente nacional a nomear-me como presidente desta delegação», afirma o dirigente, que admite ter alguma «culpa por ainda não ter a direcção a funcionar».
«Alguns dos meus antecessores escolhiam as pessoas e no fim de estarem na direcção é que lhes atribuíam tarefas, eu estou a fazer o contrário», justifica.
«Deixei a área da saúde para último lugar porque sei que é a área onde é mais difícil arranjar alguém com disponibilidade para vir dar apoio à instituição», justifica, afirmando não pretender aceitar pessoas que «venham para aqui, como já cá tivemos alguns, só para dizer que fazem parte da direcção da Cruz Vermelha».
«Uma pessoa que me diga que não tem disponibilidade para dar duas ou três horas por semana à instituição não serve para aquilo que eu idealizei, as pessoas têm que estar de corpo inteiro, e corpo inteiro é participar nas actividades que estão debaixo da sua alçada e da sua responsabilidade», defende.
A lista ficou concluída no final da semana passada, tendo sido enviada esta Segunda-feira para a direcção nacional. No entanto, a última palavra cabe ao Conselho de Curadores, «figura importante na instituição», que terá que ser convocado «só para aprovar os nomes que eu indiquei», esclarece.
«Isto no mês de Fevereiro tem que ficar tudo resolvido», finaliza Antunes Garcia.
GM