Uma só saúde
Sabemos desde sempre e a pandemia meteu-o pelos olhos dentro, até dos mais distraídos, que há uma só saúde – transversal e interdependente a todas as espécies.
Em 2021 estimam-se 12.000.000 de mortes humanas de etiologia ambiental – ar, água e substâncias químicas – a que devemos adicionar as perdas na biodiversidade e perdas da produção agrícola.
A interdependência entre os riscos para a saúde humana, saúde animal, riscos ambientais e resistência aos antibióticos enquanto expressão de uma exploração inconsiderada da natureza (1) pelo homem, impõe um sistema de vigilância integrado. Mais do que um sistema sociotécnico adequado e global esta mudança tem necessidade de motivações e dum caminho educativo em direcção a uma ecologia integral (2) de todos nós.
Cerca de 75% das ameaças emergentes à saúde humana, são essencialmente infecciosas. Tem nos animais a sua origem (zoonoses). O homem ao tornar-se cada vez mais intrusivo noutros habitat destrói ecossistemas em equilíbrio. Teve no SARS – COV 2 e nas suas consequências a última lição. Estamos a pagar com língua de sete palmos o termos desvalorizado os inúmeros alertas sobre o perigo da corona vírus. Muitos mortos, inúmeras sequelas ( covid -longa), muito sofrimento físico, mental e psicológico. Disfunções graves na vida social, para além de enormes perdas económicas – só em Portugal mais de 36 000 000 000 euros.
As alterações climáticas, progressivas e com velocidade crescente, degradam, ecossistema e destroem múltiplos habitat. Estudos apontam para a existência de paludismo autóctone desde do sul do país até a bacia do tejo em 2050. Hoje temos Pulgas e Carraças todo ano etc., etc.
Os múltiplos contactos e as inúmeras viagens intercontinentais, nos dias de hoje, aumentam o risco e disseminam rapidamente as doenças causadas por agentes biológicos.
Nos últimos anos neutralizamos a brucelose e tuberculose animal. Mas a raiva está na fronteira. A leishmaniose está aqui e a aumentar. Persistem muitas parasitoses. Na caça – javali, veado e corso – quando dissecados por quem sabe (veterinários) apresentam percentagens de infecção próximo de 50% em alguns efectivos.
Ao esboço anterior devemos acrescentar a resistência aos antibióticos. A OMS considera a emergência e propagação da resistência aos antibióticos um problema de saúde pública grave, a nível mundial – Países Subdesenvolvidos e Desenvolvidos sem excepções. É urgente – ontem já era tarde – usar parcimoniosamente os antibióticos em humanos, animais, na agricultura e na aquacultura, travando a degradação desta arma terapêutica.
Uma só saúde interpela-nos a trilhar um percurso ético nesta nossa casa comum (3).
1)Discurso à FAO,1970, Papa Paulo VI.
2) Carta encíclica LAUDAT SI,2015, Papa Francisco.
Palavras dos outros:
«E tentarão emigrar para os países ocidentais. Os mais velhos e pobres morrerão, não de covid, mas de calor.», Helena Lopes, 13/5/22.Jornal Público
«Eu não lhes chamo líderes. São governantes. Se fossem líderes não estávamos a dar mil milhões de euros por dia para o senhor Putin andar a comprar armas!», José Manuel Fernandes, Deputado Europeu do PPE, 13/5/22. Jornal Público