Unidade Local de Saúde da Guarda vai criar grupos de apoio a familiares e doentes com cancro
O Serviço de Psicologia Clínica da Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda está a organizar grupos de apoio a familiares e doentes com cancro, no âmbito de um projecto pioneiro que está a ser desenvolvido desde o final do ano passado. O serviço já presta acompanhamento indivi-dual aos doentes, mas em algumas situações o trabalho em grupo tem efeitos terapêuticos mais eficazes.
Elisabete Gonçalves
elisagoncalves.terrasdabeira@gmpress.pt
Serviço de Psicologia Clínica da Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda vai dinamizar dois grupos de apoio a familiares e doentes com cancro. O grupo psicoterapêutico intitulado “Eu também tenho cancro!” irá desenvolver-se num conjunto de sessões de psicoterapia em grupo, dirigidas a doentes oncológicos com idade superior a 18 anos. Esta intervenção tem como objectivos «facilitar um ajustamento às alterações no estilo de vida, inerentes à condição de doente oncológico, optimizar estratégias para lidar com os tratamentos, promover a aquisição de competências de gestão do stress e de tomada de decisões e proporcionar suporte social e a partilha de experiências».
O outro grupo de carácter psicoeducativo terá a designação “Na minha família também há alguém com cancro!” e é dirigido a familiares de doentes oncológicos que assumam as funções de cuidador. Neste grupo o objectivo é «fornecer informação acerca do cancro e dos tratamentos, sensibilizar relativamente às formas de apoio existentes, optimizar estratégias familiares adequadas para a adaptação à doença oncológica e suas implicações, promover a qualidade da prestação de cuidados de saúde diários e proporcionar suporte social e a partilha de experiências», explica o serviço de Psicologia Clínica da ULS da Guarda.
Sofia Coutinho, do serviço de Psicologia Clínica da ULS da Guarda, explicou ao TB que o acompanhamento individual dos doentes nem sempre tem os efeitos desejados. «Há situações em que o trabalho em grupo tem efeitos terapêuticos diferentes e mais eficazes», sustentou. A especialista realça a mais valia do sentimento de partilha de emoções e de vivências para quem enfrenta uma doença do foro oncológico. «Ajuda sentir que não são as únicas e que há outras pessoas que estão a passar e a sentir o mesmo. Além de que ainda há muita gente que lhe custa falar a palavra cancro», acrescenta. Ao nível do grupo psicoeducativo a intenção é «ajudar e capacitar as famílias a lidar melhor com a situação do ponto de vista prático». «Como fazer e ajudar quando o doente vem do tratamento e surgem efeitos secundários», entre outras situações.
Está prevista a realização de dez sessões para cada um dos grupos, a terem lugar quinzenalmente. As sessões serão orientadas por Sofia Coutinho, especializada em psico-oncologia, mas poderão contar com a participação de outros profissionais da equipa consoante o tema que for abordado. Pode ser chamado a participar o enfermeiro, o assistente social, o nutricionista, entre outros.
Projecto pioneiro
na área da psico-oncologia
A constituição destes grupos está inserida num projecto pioneiro que o serviço de Psicologia Clínica da ULS da Guarda iniciou há cerca de um ano na área da Psico-oncologia. Esta é uma valência ainda pouco comum nos hospitais portugueses, mais desenvolvida nos institutos de oncologia, mas cuja necessidade «é muito sentida» sempre que há serviços ou unidades de oncologia, como refere Sofia Coutinho. O apoio psicológico assume particular importância neste tipo de doença «que mexe com toda a dinâmica familiar». No âmbito deste projecto, o serviço de Psicologia Clínica já presta acompanhamento individual aos doentes, participou na requalificação da sala de Oncologia, vai realizar duas sessões formativas, uma dirigida a profissionais de saúde e outra para a comunidade em geral e irá promover reuniões de equipa para apoiar os profissionais que prestam serviço no exterior.